Bandeiras tremulam numa tenda pousada a 2.700 metros de altitude em La Parva, uma das principais estações de esqui do Chile. No lugar dos tradicionais esportes de neve há o desfile de parte da alta sociedade chilena e de um grupo de convidados de vários cantos do mundo. Todos transitam no piso gelado encapotados com roupas impermeáveis dos pés à cabeça. São recebidos por belas mulheres com as peles exageradamente bronzeadas e maquiadas. Ali, numa atmosfera luxuosa, acontece uma disputa que transcende o esporte: o primeiro campeonato de golfe na neve da América Latina. Cercado pela imponência da Cordilheira dos Andes, o campo de nove buracos (onde a bolinha é laranja ou vermelha para se destacar em meio à neve) é o palco do que os executivos chamam de “experiência única” ou, como diz Cristóbal Kaufmann, dono de uma rede de 23 concessionárias Mercedes-Benz, “a extravagante combinação de uma marca de elite com um esporte de elite”.

Extravagantes mesmo são as damas presentes. Duas delas se cumprimentam com beijos estalados. Flashes disparam. As risadas estridentes da dupla se unem ao barulho do helicóptero que leva os convidados a um passeio sobre os Andes. Sobram elogios para a minuciosa organização do campeonato, realizado pela marca escocesa de uísque Chivas.
“Vai entrar para a história do marketing”, aposta Gonzalo de La Barra, representante da japonesa Honda no Chile e um dos competidores.

O campeão ganha uma viagem com acompanhante para St. Moritz, na Suíça, para disputar o mundial de golfe na neve em janeiro de 2007. De olho no prêmio, Kaufmann mira a bolinha, faz um movimento circular e… taaaac! A bolinha se perde no horizonte branco. Para procurá-la é necessário caminhar e afundar os pés no chão fofo, exercício que deixa qualquer um exausto. Mesmo que as tacadas sejam bem dosadas, o campo não ajuda. A bolinha, em algumas ocasiões, desliza demais. Em outras, quase não anda. Fixar os pés no chão, uma questão crucial no momento da tacada, também fica difícil.

O resultado final reflete a dificuldade do esporte no gelo. Ao contrário das previsões, o vencedor não é um profissional, mas, sim, César Serrano, empresário porto-riquenho mais acostumado ao calor do Caribe do que ao gelo das Cordilheiras. Para disputar o campeonato é preciso ser convidado do patrocinador. “Não adianta ter todo o dinheiro do mundo”, diz Javier Guzman, gerente da marca para a América do Sul e México. “Trazemos personalidades, clientes importantes, distribuidores e grandes esportistas.

A festa faz parte do Chivas Life Series, um conjunto de experiências exóticas ao redor do planeta. Entre os eventos criados pela empresa estão o campeonato de pólo sobre elefantes e regatas marítimas em rotas nunca exploradas. O pólo sobre elefantes acontece em países como Tailândia e Nepal. Cada elefante é tratado com status de estrela. No Brasil, onde detém 15% do mercado de uísques 12 anos, a empresa promete organizar evento tão exótico como o golfe na neve. “Essa disputa atraiu apreciadores de todo o mundo. Vamos fazer coisas do tipo em outros países latino-americanos”, diz Clare Wood, gerente global da marca. É esperar pelas novas tacadas.