Se o plano é ir para as Olimpíadas de Pequim, em 2008, é bom saber que não serão raros os gestos de bom comportamento, ao estilo ocidental, neste gigante asiático de 1,3 bilhão de habitantes. Os organizadores dos Jogos acabam de lançar uma campanha de boas maneiras para alertar sobre ações aparentemente óbvias, mas recorrentes no comportamento de chineses – e, admita-se, também dos brasileiros. Por exemplo: jogar lixo no chão ou pela janela do carro são sinais explícitos de falta de educação condenados nos textos. A campanha pretende também melhorar os hábitos dos chineses como turistas, ou seja, dar um polimento de boas maneiras às pessoas que saem do país para trabalhar ou passear.

As regras foram publicadas no jornal China Daily. E outros veículos do suporte de comunicação oficial se encarregarão de disseminá-las pelo país. Há recomendações para não conversar alto, não falar alto e por longo tempo no celular e não cuspir em público. Os primeiros a ser “domesticados” serão os funcionários públicos e os executivos das estatais. Guiada pelo Comitê Central do Partido Comunista (PCC), a China está deslumbrada com os holofotes que iluminam seu crescimento econômico médio anual de 9,3% na última década. Fruto do sucesso dos produtos baratos despejados no Ocidente pela sua economia social de mercado voltada para a exportação. Por isso, o desejo de parecer cada vez mais adaptada aos hábitos e costumes dos ocidentais. Atualmente, a economia chinesa é a quarta do mundo, atrás da de Estados Unidos, Japão e Alemanha.

O governo quer adaptar o comportamento da população à sua grandeza econômica. Ótimo. O que não dá para pretender é a ruptura de hábitos simplórios da população, que adora sentar de cócoras e tirar os sapatos em aviões e trens. São costumes de origem remota e os chineses fazem isso com a maior naturalidade. Os comandantes do país devem saber que tirar sapatos no avião é também um hábito capitalista. Ninguém repara.


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