Dois, apenas dois, renunciaram. Sessenta e sete outros deputados toparam enfrentar o processo de investigação parlamentar no esquemão das ambulâncias. O resultado é implacável. A sensação de impunidade deitou raízes no Congresso com tal força que poucos temem penas exemplares, por mais que seus recibos, extratos bancários e transações financeiras tragam fartas evidências, provas cabais dos delitos. Vão sair dessa, acreditam esses senhores. Os mensaleiros, na quase totalidade, conseguiram. E por que não os participantes da caravana dos sanguessugas? O que fizeram a mais do que seus colegas mensaleiros? Na justiça criminosa, se uns podem, os outros também. Avaliam que, quanto maior o número de processos, mais chances existem de se salvarem todos, numa avacalhação geral. Vários deles continuam com suas caras estampadas em “santinhos” na busca de votos. Procure conhecê-los. A volta deles ao Congresso é o enterro de qualquer referência ética naquela casa, a consagração da imoralidade legislativa. Que leis, que ordens, que projetos esses senhores poderão votar com propriedade e em prol do interesse da sociedade?

O grau de caradurismo é tal que os Tribunais Eleitorais de São Paulo e do Rio de Janeiro tiveram de intervir no processo, indeferindo mais de 500 candidaturas, tidas e havidas como de aspirantes a políticos inabilitados para a posição. Muitos registros foram negados porque os candidatos tiveram rejeitadas suas contas referentes a passagens anteriores por cargos públicos. Fizeram errado lá atrás e querem fazer de novo. O saldo da lambança legislativa pode estar expresso já em 2007. Lá há um grande risco de o novo Parlamento, recém-empossado, voltar a agir como um mero balcão de negócios.