Ser condecorada como a melhor instituição mundial na área de saúde pública é uma honraria e tanto, em especial num país no qual a saúde pública é, tradicionalmente, precária. O prêmio foi dado na última semana à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), com sede no Rio de Janeiro, pela World Federation of Public Health Associations (Federação Mundial das Associações de Saúde Pública), formada por 70 entidades internacionais. Criada em 1900, a Fiocruz nasceu para fabricar soros e vacinas contra a peste bubônica, doença infecciosa produzida pelo bacilo pestoso e transmitida ao homem pelas pulgas originárias de ratos contaminados pela moléstia. Hoje, é motivo de orgulho pela extensa lista de serviços, como a participação importante no Programa Nacional Anti-Aids, considerado modelo no mundo. Mas, se tivesse que resumir o que levou a instituição a ser escolhida pela Federação, o sanitarista Paulo Buss, presidente da Fiocruz, apontaria alguns motivos essenciais: “Excelente pesquisa nas áreas biológica e de saúde pública, ótimos laboratórios, ensino de boa qualidade com 18 programas de mestrado e doutorado, e produção de medicamentos, como a fabricação de metade das vacinas brasileiras”, enumera.

A fundação é batizada com o nome do sanitarista Oswaldo Cruz, que assumiu a direção em 1902. O cientista intensificou os trabalhos de pesquisa no País, algo ainda muito incipiente naquela época. Sete anos depois, deu sua primeira grande contribuição ao mundo científico ao descobrir a doença de Chagas, como evitá-la e tratá-la. Na hora de receber o troféu de melhor instituição de saúde pública mundial, o sanitarista Buss aproveitou para cobrar mais investimentos em instituições como a que dirige.

Motivos para isso não faltam. Entre as grandes empreitadas que a Fiocruz realiza atualmente está a pesquisa sobre a capacidade de as células-tronco (estruturas versáteis que se transformam em vários tipos de tecidos) regenerarem órgãos. Outro ponto de destaque na entidade é o projeto Banco de Leite Humano. Trata-se de um sistema de doação de leite materno que há um mês passou a contar com um kit criado pela própria entidade, com capacidade de garantir que o leite doado não tenha nenhum vírus, fungo ou bactéria que possa ser transmitido ao bebê. Segundo o vice-presidente da instituição, Paulo Gadelha, a expectativa em relação à novidade é grande. “Ela terá impacto enorme na mortalidade infantil”, diz. Só por isso, a instituição merece o prêmio que acaba de ganhar.