Os ex-governadores Marconi Perillo (PSDB-GO), Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), Joaquim Roriz (PMDB-DF) e Ronaldo Lessa (PDT-AL) carregam a fama de ser bons de voto. Mas tudo indica que o fato de estarem em alta com o eleitor depois de oito anos de administração vai muito além da fama. Foi preciso investir na saúde, focar a educação, priorizar a infra-estrutura, atrair investimentos e diminuir o fosso da desigualdade em seus Estados. Perillo, Jarbas, Roriz e Lessa se afastaram do cargo para disputar uma vaga no Senado e estão, como indicam as pesquisas, com a vaga praticamente garantida.

O instituto goiano Serpes, no início de agosto, mostrou que o tucano Marconi Perillo, por exemplo, tem a preferência de 76,60% dos eleitores. Dos quatro ex-governadores, é o campeão de intenções de voto. A soma de seus adversários em Goiás não chega a 9%. Os outros que estão de bem com o eleitorado, segundo números recentes do Ibope, são o peemedebista pernambucano Jarbas Vasconcelos (69%), seguido de perto pelo companheiro de partido no Distrito Federal Joaquim Roriz (52%) e pelo pedetista alagoano Ronaldo Lessa (44%). O fato é que esses governadores venceriam as eleições para o Senado sem preocupação alguma de olhar pelo retrovisor.

O motivo do sucesso são muitas ações e poucas promessas. O tucano Perillo que o diga. Ele, que tinha 38 anos ao ser eleito pela primeira vez para governar Goiás, aumentou a força do Estado em oito anos de gestão. Redesenhou o perfil agrícola, criou pólos industriais, gerou empregos, redistribuiu renda e atraiu bilhões em investimentos. Mesmo com uma dianteira impressionante de 73 pontos porcentuais sobre o segundo colocado na disputa – Ney Moura (PMDB), com 3,7% –, Perillo não se dá por satisfeito. Corre o Estado para angariar votos e virar o tabuleiro eleitoral goiano em favor do atual governador e candidato à reeleição, Alcides Rodrigues (PP), que está em segundo lugar.

No fim da noite de quinta-feira 24, o ex-governador falou a ISTOÉ, depois de
uma maratona de campanha pelo Estado, quais são os seus principais projetos quando chegar ao Senado. “É preciso fortalecer o pacto federativo, descentralizar
os recursos em poder da União, que giram em torno de 73%.” As reformas políticas e tributárias “são prioritárias” e contarão com seu apoio. “Mas meu primeiro projeto como senador será o de uma emenda constitucional que vincule 12% dos recursos do orçamento da União e dos Estados para a segurança pública”, anuncia. Habitação, saneamento e infra-estrutura também estão na pauta do ex-governador. “Precisamos melhorar as rodovias, ferrovias e hidrovias. Mas o mais importante de tudo é combinar estabilidade com crescimento econômico. Só assim poderemos vencer o desafio da inclusão, da geração de emprego e renda.” No campo regional, Perillo vai trabalhar pela Ferrovia Norte-Sul e pelo alcoolduto Paulínia-Senador Canedo. Mais universidades federais para Goiás e créditos mais baratos para o produtor rural também estão entre suas prioridades. “Vou brigar, e muito, pelo agronegócio”, adverte.

Em Pernambuco, Jarbas Vasconcelos também não descansa. Respaldado pelos números,
tem percorrido o Estado ao lado de Mendonça Filho, candidato do PFL que assumiu seu lugar e agora disputa a reeleição. Conhecido pela sua trajetória política de oposição à ditadura militar no antigo MDB, Jarbas elegeu-se duas vezes prefeito do Recife. Suas duas gestões no governo do Estado foram marcadas por grandes obras de infra-estrutura, principalmente após a privatização da Companhia Energética de Pernambuco, que rendeu aos cofres públicos cerca de R$ 2 bilhões.

Bom de popularidade e de obras, também se encaixa nesse perfil o ex-governador Joaquim Roriz, do PMDB. Sua votação estará relacionada, admite, às ações de governo que promoveram grandes transformações em Brasília. “Acabei com todas as favelas. Minha missão é cuidar do pobre. Uma cidade não pode ser só dos ricos”, ensina. Outras obras do governo mudaram a cara do DF. Entre elas, os 26 quilômetros de metrô, centenas de vias e viadutos e a ponte JK, eleita a mais bonita do mundo em 2003. É por essas e outras que Roriz não se preocupa em olhar pelo retrovisor. Seu adversário Agnelo Queiroz (PCdoB) tem 17% das intenções de voto, 35 pontos porcentuais a menos do que ele.

O alagoano Ronaldo Lessa deixou o governo no início do ano com índices de aprovação em torno de 75%. O pedetista colocou em oito anos mais alunos em sala de aula do que os governos dos últimos 31 anos, assegura sua assessoria. Outra vitória foi a redução da mortalidade infantil. “As intenções de voto que tenho são fruto de uma administração que correspondeu às aspirações do povo de Alagoas. Não fiz milagres. Mobilizei a sociedade para enfrentar os desafios. Foi assim que baixamos a mortalidade infantil de 69 para cada mil nascidos para 28.” Com relação à sua bandeira para o Senado, Lessa adverte: “Vou brigar para que não tratem desigualdades de forma igual. Desse jeito, não haverá Pátria com respeito.” Como se pode constatar, não é por acaso que os ex-governadores Perillo, Jarbas, Roriz e Lessa disparam em céu de brigadeiro na corrida eleitoral para ocupar uma cadeira no Senado.