O governador afastado do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM), não pretende voltar ao governo se for libertado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e aceita assumir, por carta, o compromisso de ficar licenciado do poder até o fim das investigações sobre o chamado "Mensalão do DEM". A informação foi passada hoje pelo advogado de Arruda, Nélio Machado.

O compromisso de se manter afastado seria uma das cartas na manga para a defesa de Arruda conseguir convencer os ministros do STF a conceder o habeas-corpus a favor do governador. Os advogados alegariam que Arruda, fora da cadeia, não teria como usar o cargo para atrapalhar as investigações, fato que motivou sua prisão. "Isso está decidido, ele não volta mais ao governo", afirmou Machado.

O movimento de anunciar o compromisso de permanecer afastado até o fim das investigações ainda está sendo decidido, informou o advogado. Pode ocorrer durante o julgamento do habeas ou dias antes. "Tem o plano jurídico e político. Poderia ser uma carta para a Câmara e uma petição da defesa na Justiça, por exemplo. É um compromisso. Não posso dizer ao tribunal que farei uma coisa e depois fazer outra", explicou. "Parece lógico que ele, afastado do governo, não influenciaria nas investigações."

Machado admite que Arruda poderia ficar fora do governo até dezembro, quando encerra seu mandato. "O prazo é aleatório e pode esgotar o mandato. Paciência", disse. O julgamento do habeas-corpus no STF deveria ter ocorrido ontem, mas a defesa de Arruda pediu o adiamento da sessão. O advogado argumentou que a defesa de Arruda não foi informada previamente de que no dia 11 de fevereiro o Superior Tribunal de Justiça (STJ) julgaria o pedido de prisão. Apenas o advogado José Gerardo Grossi conseguiu assistir a parte do julgamento.

Com isso, somente no início desta semana, a defesa teve acesso às transcrições dos votos dos ministros, justificou Nélio Machado. O advogado disse que precisará de mais tempo para ler as transcrições e embasar bem a defesa de Arruda.

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