Toda vez que faço o inventário de minha vida me dou conta de que, para alguém com 40 anos, já vivi bastante. Desde participar, com meus pais, no que se tornou nossa primeira viagem de volta ao mundo num veleiro, em 1984, até percorrer o Caminho de Santiago, na Espanha, no ano passado, tive o privilégio de realizar alguns sonhos considerados impossíveis. Profissionalmente, fundei mais de cinco empresas nos últimos dez anos e tive a sorte de vender três delas.

Como consequência disso, algumas pessoas me procuram perguntando como é que consegui viver uma vida tão intensa. Por muito tempo, dei a resposta didática. Dizia que foi devido a muito planejamento, dedicação e foco que meus pais saíram para a primeira viagem. E que foi através deste aprendizado que consegui viver tão plenamente.

Semana passada, recebei alguns amigos aqui na Bahia para o Carnaval, e mais uma vez, fui perguntado como é que tinha conseguido mudar para a Bahia e viver esta vida alternativa "de sonho". Curiosamente, naquele momento estávamos visitando o Convento de São Francisco, no Pelourinho, e a resposta apareceu a minha frente.

Dentro do claustro, há uma série de quadros em azulejo e, numa das gravuras, abaixo da imagem está uma frase de Platão: "O começo é a metade do todo". Tão simples mas tão poderosa, essa frase mudou meu entendimento sobre o que é necessário para continuar realizando meus sonhos.  De nada vale sonhar, querer e planejar se não agimos. Não estou recomendando que dê um passo impulsivo e se jogue em direção ao que quer (embora algumas vezes não seja má idéia). Só não passe a vida planejando. Ou não terá tempo para começar a viver. Comece agora!