TRANSPARÊNCIA O teclado No-key é feito em vidro, sem teclas e com sensores

Iniciou-se uma grande revolução tecnológica que atende pelo nome de Zcam – parece uma webcam normal, até pelo baixo preço de US$ 100, mas não é. Além de gravar imagens, ela capta imagens em três dimensões e as transporta através de nossos movimentos para o campo virtual. Imagine, por exemplo, jogar pingue-pongue no computador utilizando uma raquete de verdade ou acender a luz de um ambiente apenas movimentando as mãos no ar, sem nenhum tipo de controle. Criada pela empresa israelense 3DV Systems, a Zcam parece obedecer a passes de mágica: funciona sem controles, sem fios, sem nada, atendendo tão-somente a nossos gestos. Trata-se de uma evolução do conceito do videogame Nintendo Wii, lançado em 2006. Ele revolucionou o mercado porque substituiu os tradicionais controles e botões por objetos interativos bem mais modernos, como raquetes com sensores que dão aos jogadores a sensação de estar "imersos no jogo". Para se jogar com a Zcam não é preciso nenhum tipo de ferramenta, basta se posicionar diante da câmera e se mover. O equipamento funciona com uma tecnologia batizada de "tempo de vôo" (TOF, na sigla em inglês), aplicada em exames modernos como os de ressonância magnética.

Foram quatro gerações de câmera até a empresa israelense 3DV chegar à atual tecnologia. A Zcam mede a distância de cada pixel da imagem e constrói com infravermelhos um "mapa de profundidade" em três dimensões, conseguindo, dessa forma, "apanhar" as cenas praticamente em tempo real (60 frames por segundo) e com alta precisão de profundidade. "O Wii nos mostrou o caminho, mas podemos fazer muito mais coisas e essa é uma delas", diz Zvi Klier, chefe-executivo da 3DV. Os israelenses abriram uma porta que provavelmente nunca mais se fechará: a interação homemmáquina. O jogador deixa de ser passivo e participa, com o seu próprio corpo, da atividade que desejar. As telas touchscreen, que recolhem sinais com toques, já eram uma evolução do processo de interação e a tecnologia caminha cada vez mais para rotular de obsoletos suportes e complementos tradicionais. Prova disso é que na semana passada o designer chinês Kong Fanwen (rival em seu país do designer da Apple) apresentou um teclado que nem poderia levar esse nome – simplesmente porque não tem teclas. Ele se chama No-key Keyboard, é feito de vidro e "adivinha" a digitação com câmeras e luz. Para escrever é só aproximar os dedos.

PAUL SAKUMA/AP/IMAGE PLUS

ZCAM A câmera dispensa o uso de joy stick em games