CLAUDIO GATTI/AG. ISTOÉ

Um símbolo de desperdício do dinheiro público, presente há duas décadas na paisagem da capital paulista, começa a ganhar vida. E em grande estilo. O famoso prédio da Eletropaulo, um esqueleto de concreto disposto às margens do rio Pinheiros, foi comprado da construtora WTorre pelo grupo espanhol Santander, também dono do ABN Amro Real. Valor: R$ 1,06 bilhão. A transação, anunciada na semana passada, selou o destino do que será o maior complexo comercial do País. E está repleta de superlativos – a venda do edifício está sendo considerada o maior negócio imobiliário do Brasil.

Batizado Torre São Paulo, ele será a nova sede do banco Santander em 2009. Até lá, as operações do Real – adquirido no ano passado – já serão integradas ao grupo. "A aquisição do imóvel demonstra nossa determinação em investir para ser cada vez mais forte", afirma Fabio Barbosa, presidente da filial brasileira do grupo espanhol.

O prédio está localizado em um dos mais valorizados endereços paulistanos, na zona sul. A área de 60 mil metros quadrados pertencia à WTorre, que comprou o terreno e o prédio (antes da reforma) do Banco Português de Negócios em 2006, por R$ 385 milhões. O esqueleto nem foi avaliado. "Uma das alternativas era a implosão, mas a avaliação final mostrou que a reforma seria eficiente", diz Marco Antonio Bolonha, CEO da WTorre. O grupo português arrematou o prédio em um leilão, em 1998, por R$ 140 milhões, quando a companhia de energia Eletropaulo foi privatizada. As obras foram paralisadas por falta de verba.

O preço pago pelo edifício está dentro dos padrões, segundo João Cristano, presidente do Sindicato da Habitação (Secovi-SP), "por causa de sua localização privilegiada e das melhorias". A sofisticação do empreendimento se justifica, já que seu alvo será o público AAA. Os 28 andares da Torre São Paulo integrarão um complexo de luxo que será construído até o final de 2010 pela WTorre. O projeto abrigará um hotel cincoestrelas, uma torre de escritórios, heliponto e o shopping JK Iguatemi, integrado à Daslu. A butique é vizinha do empreendimento e está dentro do mesmo terreno. O metro quadrado da Torre São Paulo sai por cerca de R$ 13 mil. A torre de escritórios do Complexo Cidade Jardim (outro centro de luxo próximo ao local), por exemplo, custou cerca de R$ 10,5 mil o metro quadrado.