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OPÇÃO O método equilibra o nível
de substâncias associadas às emoções e ao humor

Uma novidade interessante pode reforçar o arsenal da medicina contra a depressão. Grupos de pesquisadores espalhados pelo mundo estão testando a eficácia de marcapassos no controle dos sintomas da doença, um mal que atinge 121 milhões de pessoas no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde. Só no Brasil, são 17 milhões de pacientes. Embora ainda experimentais, os estudos têm apresentado resultados animadores.

O objetivo da implantação dos marcapassos é o mesmo dos medicamentos orais usados hoje contra a enfermidade. As duas estratégias têm como finalidade reequilibrar a concentração no cérebro de substâncias associadas às emoções. As principais são a serotonina e a noradrenalina. Os remédios fazem isso por meio da mudança na química do cérebro. O marcapasso, ao contrário, promove a estabilidade por meio do disparo de sinais elétricos na área responsável pelo controle e processamento dos sentimentos e do humor.

Trata-se do mesmo princípio usado para casos graves de mal de Parkinson, por exemplo. A diferença é somente em relação ao local onde o aparelho é colocado. Para tratar a depressão, o marcapasso é implantado cirurgicamente na região do núcleo caudado. O recurso é conectado, por um fio, a uma bateria, posicionada sob a pele na região do tórax.

A técnica está sendo testada em alguns centros importantes nas pesquisas sobre a doença. Entre eles estão o Cleveland Clinic e a Emory University, nos Estados Unidos, e a Universidade de Leuven, na Bélgica. Os pacientes que participam dos estudos são aqueles para quem os remédios não funcionam mais. Por enquanto, seis de 17 indivíduos com sintomas intensos permaneceram com a doença controlada um ano após o implante. De acordo com a médica Helen Mayberg, da Emory University, nem todos respondem ao implante, mas, quando isso acontece, o efeito é significativo na redução dos sintomas. "Continuamos nosso trabalho. Acreditamos nessa linha de estudo", disse ela à ISTOÉ. No Brasil, a estratégia também é vista com bons olhos. "Os resultados mostram que o método surge como um bom caminho para pacientes refratários a outros tratamentos", acredita o psiquiatra Márcio Versiani, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Os mesmos grupos estão verificando a eficácia da técnica contra o Transtorno Obsessivo- Compulsivo (TOC), um grave distúrbio de ansiedade caracterizado por atitudes e pensamentos repetitivos e persistentes. E, nesses casos, o implante também parece ter bons efeitos.