RENATO VELASCO/AG. ISTOÉ

IDENTIDADE Cada esportista receberá cerca de 70 peças, pois há quatro tipos de vestimentas

O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) quer popularizar os uniformes que serão usados por seus atletas durante os Jogos. Para isso, tem investido em design. Pela segunda vez, a empresa de materiais esportivos que patrocina o COB chamou badalados profissionais da área para criar as roupas que os esportistas usarão em Pequim, no mês de agosto. Inspirados na natureza, os novos uniformes elaborados pelo carioca OEstudio têm, claro, as cores da nossa bandeira, mas trazem combinações mais suaves entre o verde, o amarelo, o azul e o branco, num efeito chamado dégradé, característico do trabalho do grupo. Sem contar a modelagem, mais ajustada ao corpo. "Buscamos no nosso arsenal coisas que pudessem ser utilizadas não só para marcar a identidade brasileira como para fazer referência à natureza. Foram misturadas quatro cores, não duas, com o tye die (técnica de tingimento)", explica João Falcão, CEO da grife.

Os uniformes, lançados no Pan-Americano do Rio de Janeiro, no ano passado, foram aprovados. Elogiados tanto por atletas como por profissionais de moda, as peças também caíram no gosto do público. A demanda superou as expectativas. Resultado: faltou produto no mercado. Por isso, os estoques para a Olimpíada foram reforçados. "Antes esses trajes serviam apenas para caracterizar o grupo. Era espalhafatoso. Mas os atletas não queriam se sentir como uma bandeira. É possível marcar a identidade brasileira de uma forma mais moderna", afirma Márcio Callage, gerente de marketing da Olympikus. Na vila pan-americana, o uniforme brasileiro foi um dos mais disputados entre os atletas, num troca-troca comum de fim de competição.

Cada esportista receberá cerca de 70 peças. Isso porque há quatro tipos de uniformes – de passeio, treino, competição e pódio. Cada um tem suas características. Os de treino, por exemplo, são de uma cor só e não têm brilho, porque o momento é de concentração. Os de competição, ao contrário, são imponentes, até para dar mais segurança ao atleta. "Na hora da prova ele quer intimidar o adversário e por isso precisa de uma roupa que o ajude a ficar mais confiante", diz Falcão. Tudo isso, porém, a um preço digno de pódio. Um agasalho, por exemplo, custava R$ 420 na loja oficial do Pan.

Outro guarda-roupa

Os jogadores de futebol não usam os uniformes do COB, pois o contrato da Nike com a seleção é anterior ao da Olympikus. Atletas de esgrima, vela, hipismo e aquáticos também podem competir com outros trajes, já que a empresa não atua nesses mercados. Os nadadores, por exemplo, usarão o controverso maiô da Speedo, com o qual vários atletas quebraram recordes mundiais em 2008