FOTOS: FABRIZIA GRANATIERI/AG. ISTOÉ

RIQUEZA O casarão da zona norte do Rio abriga o mais importante acervo de ciências naturais da América Latina

Dom João VI ficaria orgulhoso. O filho e o neto, também. Sete décadas depois de ter sido pintado de rosa, o palácio que serviu de moradia aos três monarcas brasileiros recuperou sua cor original, o ocre. A reforma da fachada do Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, deverá ser concluída em agosto, mas já chama a atenção das cerca de 25 mil pessoas que a cada fim de semana visitam a maior área de lazer da zona norte do Rio. A restauração, de R$ 1,2 milhão, bancada pela Petrobras, é a parte mais visível de um trabalho que, em 15 anos, consumiu R$ 5 milhões para acabar com o ar de abandono ao qual o local esteve relegado. Imponência histórica é o que não lhe falta para justificar mais investimentos. Trata-se do maior museu de ciências naturais da América Latina, com 12 mil metros quadrados e intensa movimentação de pesquisadores. Além de servir de residência das famílias real e imperial, o prédio abrigou a primeira Assembléia Constituinte Republicana e, em seguida, tornou-se a sede do Museu Nacional, hoje vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Os telhados foram reconstruídos e um novo sistema de segurança implantado com câmeras, guaritas e controle de acesso. Estão em novos armários os 20 milhões de peças de antropologia, botânica, entomologia, geologia e paleontologia. "Já abrimos quatro mil metros quadrados para o público e faltam dois mil para concluir essa primeira fase", diz o diretor da instituição, Sérgio Alex Azevedo. Os passos lentos da revitalização não se devem apenas à falta de recursos. "Fechar tudo à visitação pública deixaria uma geração inteira sem acesso a essa riqueza", afirma o diretor.


VISITANTES Estudantes observam a réplica  do Maxakalisaurus topai, maior dinossauro
já encontrado no Brasil

Entre as ligações do sangue azul dos Bragança com a coleção científica do Museu Nacional está o gosto dos imperadores Pedro I e Pedro II por múmias egípcias. Há seis delas em exposição, uma das quais ainda dentro do esquife lacrado, doada pelo quediva egípcio Ismail a Pedro II em 1872.

Para comemorar seus 190 anos, o Museu Nacional vai expor diversas peças em uma tenda de 700 metros quadrados entre 27 e 29 de junho. No palácio haverá uma réplica do Pycnonemosaurus nevesi, dinossauro carnívoro de 80 milhões de anos, e a exposição temporária de arqueologia Entre dois mundos: franceses de Paratitou e tupinambá de Rouen. O público se sentirá nos tempos da corte, com atores passeando pelo parque caracterizados como no tempo do império.