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O maior predador dos oceanos corre o risco de desaparecer. O aumento da pesca – principalmente para a retirada das barbatanas – vem causando a diminuição da população de tubarões no mundo todo. Considerada uma iguaria na Ásia, onde é consumida em sopas, essa parte do animal pode custar até US$ 700 o quilo. Por outro lado, sua carne alcança o preço médio de US$ 10 por quilo. Tamanha discrepância torna a situação ainda mais cruel, já que alguns pescadores praticam o “finning”, técnica que consiste em cortar apenas as nadadeiras e jogar a carcaça de volta ao mar. Muitas vezes, o tubarão é descartado ainda vivo e agoniza até a morte. Estima-se que algo entre 26 e 73 milhões de tubarões sejam mortos anualmente para suprir o mercado consumidor de barbatanas. Dentre as 490 espécies do mundo, o tubarãomartelo (Sphyrna lewini) é um dos mais ameaçados, com até três milhões de exemplares abatidos todos os anos. A ameaça ao animal é tema de uma pesquisa publicada na revista alemã “Endangered Species Research”, que tem como um dos autores o brasileiro Danillo Pinhal, da Universidade Estadual Paulista (Unesp).

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CRUELDADE
As barbatanas do tubarão-martelo são consideradas uma iguaria em países da Ásia

O estudo foi realizado na Universidade New Southeastern, em Fort Lauderdale, na Flórida (EUA), e é parte do trabalho de doutorado de Pinhal. Os dados publicados, juntamente com propostas para a proteção da espécie, serão apresentados em março na Convenção sobre Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Extinção, no Catar. Pinhal e outros pesquisadores coletaram material genético de 177 tubarões- martelo da costa brasileira, do Caribe, do Golfo do México e dos oceanos Pacífico e Índico.Eles confrontaram os dados com o DNA de 62 barbatanas de tubarões da mesma espécie à venda em Hong Kong – um dos maiores mercados no mundo. Os biólogos concluíram que 21% das nadadeiras vinham do Oceano Atlântico Ocidental – área que inclui o Brasil –, onde desde 2006 o tubarão-martelo é considerado “em perigo” pela União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês). “Eles são animais altamente vulneráveis. Têm crescimento lento, maturação sexual tardia e geram apenas um filho por ano”, diz Pinhal. É a primeira vez que testes de DNA são usados para determinar a origem de nadadeiras de tubarões.

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Os pesquisadores analisaram regiões do código genético conhecidas como microssatélites – as mesmas mapeadas para a determinação de paternidade em humanos e identificação de criminosos. Eles pretendem estabelecer um padrão genético de cada população. “A partir desses padrões, é possível comparar grupos e analisar os níveis de diferenciação genética”, explica o biólogo. Com todos os dados em mãos, os pesquisadores pretendem propor medidas que ajudem na elaboração de estratégias de manejo e conservação do tubarãomartelo. Os cientistas estão usando o mesmo método para determinar os padrões genéticos de outras espécies do animal e também de raias. Os oceanos agradecem.

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