A indústria do tuning – mania de incrementar os carros com acessórios – sobrevive, e bem, do desejo do consumidor de se diferenciar dos outros. Há quem chegue a gastar mais que o triplo do valor do carro só em apetrechos para enfeitar e turbinar. O que era apenas um hobby caro hoje é um grande negócio. Nos Estados Unidos, fatura cerca de US$ 31 bilhões por ano. Por aqui, a indústria do tuning ainda engatinha, mas estima-se que já movimente R$ 1 bilhão por ano. É pouco ainda, mas o suficiente para atrair a atenção de investidores e até das grandes montadoras.

A força desse novo mercado pôde ser vista no início de abril, quando 65 mil pessoas invadiram o Pavilhão da Bienal, em São Paulo, no primeiro Salão de Tuning no Brasil. Para organizar o evento e atrair 100 empresas expositoras, foram gastos mais de R$ 20 milhões. As surpresas ficaram por conta das enormes filas de visitantes e da presença das fabricantes de veículos. A Ford levou uma linha de acessórios fabricados especialmente para atender os aficionados por tuning. “De três anos para cá, esse mercado explodiu”, conta Reinaldo Faga, gerente de pós-venda da montadora, que faturou R$ 50 milhões no ano passado só com acessórios – um aumento de 30% em relação a 2003. Os carros da marca foram expostos na feira só para provar para o público que têm potencial para ser tunados. Afinal, para os entendidos, acessório de montadora não tem graça. O lance é fugir da produção em série.

Transformação – Mesmo assim, a General Motors mostrou um Corsa vermelho superincrementado, que ficou duas semanas na oficina para a transformação. Só em acessórios foram gastos cerca de R$ 100 mil. Nas palavras de Samuel Russell, diretor de marketing da subsidiária brasileira, a mania é uma tendência mundial e fará com que a indústria de acessórios cresça mais, proporcionalmente, que a automotiva. Mas as grandes estrelas desse mercado são mesmo os mecânicos, espécie de artistas da moda. Especialistas em um serviço caro e segmentado, eles não ficam sem emprego e são os ídolos dos viciados em tuning.