51% das receitas italianas no exterior estão erradas, diz estudo

ROMA, 7 AGO (ANSA) – Mais de um em cada dois turistas italianos (51%) que viajaram ao exterior no último ano se deparou com receitas do “Belpaese” distorcidas, com ingredientes incorretos ou até mesmo falsificados.   

A informação consta em uma pesquisa realizada pela Coldiretti/Ixe divulgada após a seção dedicada à gastronomia “Good Food”, no site da BBC, supostamente estragar uma receita do tradicional prato de massa “cacio e pepe”.   

A publicação disse que o prato romano icônico poderia ser “facilmente preparado para um almoço rápido”, com apenas “quatro ingredientes simples: espaguete, pimenta, parmesão e manteiga”.   

No entanto, a receita tradicional leva massa (geralmente tonnarelli, um tipo de espaguete), queijo pecorino romano e pimenta-do-reino.   

Segundo a análise, a história da receita romana incorreta é apenas o exemplo mais recente em uma “galeria de horrores” que vê alguns dos pratos mais famosos da Itália entre suas “vítimas”.   

Entre os exemplos está a carbonara, onde o costume belga de adicionar creme em vez de queijo pecorino evoluiu, enquanto a tradição anglo-saxônica de substituir o guanciale por bacon também ganhou força, culminando no chamado “carbonara gate”.   

O caso extremo eclodiu há uma década na França, onde uma receita em vídeo compartilhada online gerou polêmica por excesso de liberdade nos ingredientes e no preparo da massa. Nos Estados Unidos, no entanto, o queijo romano, frequentemente feito com leite de vaca em vez de leite de ovelha, é usado no lugar do pecorino. Essa prática pode ser ainda mais alimentada pelo tarifaço anunciado pelo presidente Donald Trump.   

O potencial desaparecimento de muitos produtos italianos das prateleiras seria um benefício para a já próspera indústria da falsificação.   

A falta de clareza em torno das receitas autênticas “Made in Italy” alimenta a disseminação de produtos falsificados no exterior, prejudicando tanto a economia quanto a imagem do agronegócio italiano.   

Segundo a Coldiretti, se a falsificação internacional fosse interrompida, as exportações de alimentos italianos poderiam até triplicar.   

Os pratos “errados” espalhados pelo mundo abrem caminho para a chamada “agropirataria”, um fenômeno em rápido crescimento, estimado em 120 bilhões de euros.   

Ainda de acordo com o estudo, isso também é alimentado por guerras comerciais, incluindo sanções e embargos, que dificultam o comércio, incentivam o protecionismo e impulsionam a disseminação de alimentos falsificados que se passam por italianos, mas sem nenhuma conexão com o sistema de produção do “Belpaese”. (ANSA).