CUBISMO Arlequín y Polichinela, de Picasso, ajudou a modernizar a arte espanhola

A ambição de qualquer museu do mundo é acumular um grande acervo de mestres da pintura. E grandes nomes não faltam na Fundação Mapfre, em Madri, que vem reunindo obras de Pablo Picasso, Joan Miró, Salvador Dalí, entre outros. A diferença é que sua coleção não é feita de telas nem de esculturas, mas apenas de desenhos e obras em papel. E foi por se especializar nesse segmento e apresentar uma outra faceta dos grandes nomes da arte que a instituição ganhou notoriedade. Parte desse acervo chega agora ao Brasil na mostra Desenhos espanhóis do século XX – Coleção Fundação Mapfre, em cartaz no Museu de Arte de São Paulo (Masp), em São Paulo. "Essa exposição traça uma história coerente do desenvolvimento da arte espanhola, desde o final do século XIX até os anos 1960", diz Pablo Jiménez, diretor-geral do Instituto de Cultura da Fundação Mapfre. "O desenho capta a primeira e mais sincera inspiração do artista e foi a partir daquele período que ele começou a ser considerado uma obra em si mesmo. E é isso que torna a mostra mais especial."

Ao todo são 82 obras de grandes nomes da arte espanhola e de artistas estrangeiros que foram fundamentais para a modernização artística do País, como os franceses Robert Delaunay e Francis Picabia e o uruguaio Joaquín Torres Garcia. Sob a curadoria de Pedro Benito, a exposição se divide em quatro grandes segmentos que pretendem mostrar os diferentes estágios dessa modernização, desde os precursores da vanguarda, passando pelas influências internacionais e pelas contribuições trazidas pelo cubismo e pela Escola de Paris, até chegar ao surrealismo. "A exposição apresenta todos os tipos de desenhos. Ela começa clássica e termina com obras relativamente realistas e conceituais", diz o professor Teixeira Coelho, curador do Masp. Segundo ele, não faz a menor diferença saber se as obras são esboços ou versões definitivas. "Algumas delas são tão perfeitas que nos mostram o domínio que esses artistas tinham sobre a técnica", explica Coelho.


CUBISMO Arlequín y Polichinela, de Picasso, ajudou a modernizar a arte espanhola

Embora nenhum dos desenhos apresentados na exposição tenha originado obras mais conhecidas, é possível reconhecer traços e técnicas que se repetem ao longo da trajetória desses artistas. Caso de Picasso, que comparece com a composição cubista Arlequín y Polichinela, e de Miró, cujo desenho Composición, parece uma versão em preto- e-branco de suas telas surrealistas. "No Brasil, as pinturas e as esculturas ainda são mais valorizadas que o desenho. Com essa mostra, queremos que as pessoas percebam que ele é a essência do trabalho artístico, a verdade da arte", diz Coelho.