Não há livro de história brasileira que não estampe uma foto do quadro A primeira missa no Brasil no capítulo que fala da colonização portuguesa. Pintado em 1861 por Vítor Meirelles, a tela retrata a celebração religiosa realizada em 26 de abril de 1500, um dos marcos do Descobrimento do Brasil. Com 2,7 metros de altura e 3,6 metros de largura, essa obra de arte estava exposta no Rio de Janeiro no Museu Nacional de Belas Artes, mas pouco se parecia com a dos livros didáticos: sua textura estava escura e carcomida pelo tempo. Uma equipe de restauradores entrou em campo para trazer de volta o colorido. Com equipamentos tecnológicos de última geração, eles estão conseguindo até mesmo recuperar os traços do pintor que já estão 90% apagados. A restauração está orçada em R$ 200 mil e deve terminar até 31 de dezembro. “Estamos correndo contra o tempo”, diz Andréia Pedreira, coordenadora da equipe de restauradores. “Temos de estar atentos para que nada seja alterado.” Uma tecnologia moderna ajuda nesse cuidado. Primeiramente, o quadro foi “varrido” por um potente microscópio capaz de ampliar em até 80 vezes um determinado pigmento. Depois, os especialistas incidiram uma luz em ângulo de 15 graus para gerar sombras que revelam o “relevo” da tinta. Finalmente, foram tiradas 108 fotografias de cada quadrante da obra com máquinas de raios infravermelhos que penetram a tela a ponto de revelar os primeiros esboços do artista. É assim que o Brasil real, e não apenas o dos livros, ganhará de novo a sua Primeira missa.