1 REPARO Com novos equipamentos, como lentes mais potentes, o telescópio enxergará os confins do universo, com detalhes jamais vistos

2 ÓCULOS O astronauta termina a câmera WFC3, que fará o telescópio descobrir regiões como a nebulosa de Boomerang, o lugar mais frio observado, com apenas 1 grau Kelvin

3 NASCIMENTO Hubble viu a formação da galáxia NGC 3370, uma das mais estudadas

O LUCIANA SGARBI telescópio espacial Hubble, da Nasa, é considerado o instrumento científico mais produtivo do mundo. Desde que foi lançado, em 24 de abril de 1990, ele funciona como os olhos da humanidade sobre o universo. O que antes dele eram apenas pontos brilhantes no céu, hoje são corpos celestes com contornos conhecidos em detalhes.

REUTERS/NASA

ESTRELAR
A nebulosa Carina com 12 estrelas 50 vezes maiores que o nosso Sol

Posicionado a 589 quilômetros de altitude da Terra, com 13,3 metros de comprimento e dono de um peso equivalente ao de dois elefantes adultos, as lentes que equipam o telescópio já enxergaram mais de 1.500 galáxias. Mas, apesar de toda a sua eficiência, o Hubble não passa por nenhum processo de manutenção há quase cinco anos. Nesse período, acumulou muita “sujeira”, o que atrapalha a visão. O giroscópio – um dos equipamentos do Hubble usado como uma espécie de bússola por navios e aviões — está funcionando de forma limitada, a ACS (Câmera de Estudos Avançados) parou de funcionar em meados do ano passado e, desde 2004, o Espectrógrafo de Imagens do Telescópio Espacial (STIS, na sigla em inglês), um instrumento sofisticado que separa a luz de diferentes corpos celestes dentro de seus componentes, está inoperante. A boa notícia é que a Nasa já finalizou os estudos de recuperação e de sofisticação do Hubble. A viagem para os reparos está marcada para agosto.

NASA

VULCÃO
A nebulosa Cônica foi eleita pela Nasa como a mais bela imagem

A reforma irá fornecer uma grande modernização das funções, conferindo ao telescópio maior sensibilidade e campo de visão. Enquanto a versão original do telescópio só podia ver dez galáxias por vez, esta nova poderá visualizar 900. No total, o equipamento passará por quatro mudanças. Duas são consertos, as outras consistem na instalação de novos instrumentos. Os reparos serão feitos na câmera ACS e no telescópio STIS. Para dar potência à máquina, será instalada a câmera WFC3 (Wide Field Camera), que irá permitir ver galáxias menos brilhantes e mais distantes, dando valiosas informações sobre a formação do universo. Poderão ser fotografadas, por exemplo, galáxias que existiram apenas 400 milhões de anos depois do Big Bang – atualmente o Hubble só consegue enxergar galáxias que existiram 800 milhões de anos depois do nascimento do nosso universo. O outro instrumento é o COS (Cosmic Origins Spectrograph), que irá captar gigantescos buracos negros que brilham enquanto engolem o gás que se encontra à sua volta. O COS poderá detalhar corpos estelares muito mais tênues do que o equipamento atual.

“A nova versão será 90 vezes mais potente. Abriremos uma nova janela para o mundo conhecer os mistérios do espaço”, diz John Grunsfeld, astronauta americano escolhido para a missão de recuperar o telescópio. Grunsfeld coordenará a arriscada caminhada espacial, tendo que soltar e reapertar parafusos minúsculos, fora do seu campo de visão; e cortar placas metálicas para alcançar as placas do circuito, criando cantos cortantes que poderão ser perigosos para as roupas espaciais. Certo da profissão que escolheu, Grunsfeld afirma: “Eu ainda acredito que a ciência do Hubble é algo pelo qual vale a pena arriscar a minha vida.”