27/12/2021 - 13:00
A virada do ano é, para muitos, o momento de rever os objetivos que foram estabelecidos para o ano anterior, avaliar quais foram cumpridos e decidir quais serão os próximos. São 365 páginas em branco, prontas para serem preenchidas com momentos de felicidade e realização pessoal, e criar uma lista de metas pode ajudar.
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Nos últimos dois anos, percebemos a iminente necessidade de fortalecer nossa saúde, e passamos a dar ainda mais valor ao nosso bem-estar. Por isso, se você ainda não começou sua lista de resoluções para 2022, que tal começar com a busca da valorização de sua saúde? Afinal, seu corpo é seu templo. Cuide bem dele!
Alimentar-se de forma saudável
Além de manter o peso ideal, dentre as vantagens de se alimentar de forma saudável estão a melhora na disposição, concentração e assertividade, de acordo com a nutricionista comportamental Érika Alvarenga, do Análise Nutricional. Entretanto, a especialista sugere buscar razões mais emocionais como incentivo para uma dieta saudável. “Meus pacientes não se mobilizam por causa de números, de metas rígidas, e sim por causa de sonhos”, revela.
Ela explica que estar acima do peso e ter colesterol alto ou hipertensão são alguns dos motivos pelos quais pacientes procuram o consultório, mas o acompanhamento nutricional é motivado por metas pessoais. “As pessoas se cuidam por sonhos: viagens, saúde para cuidar dos netos, casamentos, desejo de engravidar, vontade de fazer atividades que demandam muito do físico, como trilhas…”, explica. Portanto, associar seus sonhos à alimentação pode ser um incentivo para comer de forma mais saudável.
Para se alimentar com mais consciência, Érika ainda reitera a importância de desassociar os sentimentos aos alimentos. Quem nunca comeu por estar ansiosa ou estressada? Infelizmente, essa associação vem sendo feita desde a amamentação, por isso, a especialista declara ser importante separar a “fome física” da “fome emocional”.
Além disso, para comer bem, ela indica que uma alimentação restritiva não é a saída, e que a melhor opção é uma dieta de alimentos já conhecidos, preparados de forma saudável.
Praticar atividades físicas
Segundo Estela Pereira, personal trainer especialista em saúde da mulher, os exercícios melhoram o condicionamento físico no geral, deixando o corpo mais forte e resistente para as demandas do dia a dia. Isso quer dizer que, além de combater doenças como diabetes, ansiedade e depressão, as atividades físicas fornecem mais bem-estar para o cotidiano.
A especialista ainda cita a melhoria da imunidade e do condicionamento cardíaco como consequências de uma rotina de treinos. No momento atual, no qual as doenças respiratórias estão entre as mais temidas mundialmente, essas duas vantagens podem ser essenciais para a vida de muitos.
Estela reitera a importância de se entender que o exercício físico vai além do corpo escultural: “trata-se do verdadeiro plano de saúde, sendo um agente não-farmacológico que atua no tratamento de diversas doenças, físicas ou neurodegenerativas, além de promover alegria e bem-estar”. Para estabelecer uma rotina de treinos, a personal sugere escolher uma atividade que lhe agrade — aulas individuais ou coletivas? Ao ar livre ou em ambientes fechados? — e, quando possível, contar com os conhecimentos de um profissional da educação física para obter o resultado desejado. Ela finaliza afirmando que a frequência é fundamental.
No entanto, Érika Alvarenga alerta: “Vejo que pacientes adiam muito a atividade física porque não encontraram algo prático”. Portanto, se sua rotina te deixa pouco tempo para pensar em exercícios, que tal manter as aulas de esgrima nos planos para o futuro, mas começar fazendo caminhadas pelo bairro?
Realizar exames de rotina com frequência
É compreensível que, nos últimos dois anos, muitas pessoas tenham fugido dos consultórios e laboratórios lotados. No entanto, a prática de realizar exames periódicos deve ser retomada em 2022. “Quanto mais precoce forem diagnosticadas determinadas doenças, melhor é o prognóstico”, explica Leonardo Ciciarelli, psiquiatra pela Santa Casa de São Paulo. É o caso de doenças como o câncer de mama: segundo o Instituto Oncoguia, 95% dos casos da doença diagnosticados precocemente têm possibilidade de cura.
“Essas pessoas [diagnosticadas tardiamente] vão se tornando incapacitadas ao longo do tempo, com perda funcional e perda da qualidade de vida”, explica o especialista. Ele comenta ainda que existe uma relação entre doenças crônicas, como a diabetes e a hipertensão, e os transtornos mentais. E é verdade: de acordo com um artigo publicado pela “Scielo”, cerca de 20% a 30% dos pacientes com diabetes apresentam depressão.
Portanto, para evitar que, além dos malefícios físicos causados por uma doença, algum tipo de transtorno mental seja desenvolvido, o diagnóstico precoce é a solução.
Beber mais água
Segundo Érika, o corpo humano não deve sentir sede ou fome. “Quando entramos em sintomas de sede e fome, é porque já passamos muito tempo desrespeitando os pequenos sinais. Seu corpo só fala ‘estou com sede’ quando você já está desidratada”, explica.
Por sua capacidade de reagir às emoções, o intestino é descrito como “o segundo cérebro” pela especialista, que cita a importância da hidratação do órgão: “Podemos ingerir fibras, probióticos e frutas laxativas, mas sem a água não é possível ir ao banheiro [defecar]”. Além disso, ela esclarece que a água é o veículo que transporta enzimas, vitaminas e minerais pela corrente sanguínea. Portanto, do ponto de vista estético, cabelos e unhas quebradiças também são uma consequência da falta de água.
Para definir a quantidade de água ideal para cada pessoa, a conta é simples: são 35ml a cada quilo de peso atual. A nutricionista recomenda dividir o resultado nos períodos manhã, tarde e noite.
Descansar
Para muitos, o descanso é encarado como um luxo, e não uma necessidade. Essa visão, entretanto, pode trazer consequências devastadoras para o organismo. Segundo Leonardo, não descansar pode causar, entre outras condições, inflamação corporal, depressão e estresse crônico — que, por sua vez, aumenta os riscos de doenças cardiovasculares, transtornos mentais e AVC. Além disso, a falta de descanso é um dos fatores responsáveis pela Síndrome do Esgotamento Profissional — ou Burnout.
Sobre não ser capaz de se desligar do ambiente de trabalho, o psiquiatra explica: “Todos nós temos e precisamos ter a ansiedade, que é a preocupação em relação ao futuro. O problema é quando ela se torna patológica, excessiva, e começa a trazer prejuízos para o dia a dia”. Para tirar a atenção do trabalho completamente quando necessário, Leonardo recomenda buscar atividades que proporcionem prazer e possibilitem que você tire o foco das questões profissionais. Além disso, escrever planos e pensamentos para o dia seguinte pode ajudar a colocar os problemas “em outro plano”, de acordo com o especialista, que descreve a atividade como uma estratégia para diminuir a ansiedade.
Para todos os segmentos da saúde, o psiquiatra reitera a importância da prevenção. “Quando ‘a água bate’, muitas pessoas resolvem buscar soluções milagrosas, esquecendo-se de olhar para a prevenção, que é o básico”, defende.