Há quatro meses no ar, o MoneyPlay Podcast, um programa voltado para o mundo das finanças, apresentado pelo educador financeiro Fabrício Duarte, recebeu lendas do mercado, como Didi Aguiar, criador do Didi Index, Moise Politi, que participou da criação do primeiro Fundo de Fundos Imobiliário do país, e Miguel Abuhab, que criou do zero duas empresas e levou ambas para a bolsa de valores.

Também foram convidados educadores financeiros, gestores e economistas que dividiram com a audiência seu conhecimento de mercado e, ainda mais importante, lições do que fazer e não fazer em relação ao dinheiro. 

Duarte, o apresentador, fez uma seleção dos principais aprendizados que os entrevistados deram para ajudar quem quer começar a investir. Confira abaixo:

1) As pessoas gastam mais tempo comparando geladeira do que decidindo onde investir

A maioria dos investidores iniciantes aposta em ações de empresas que nem conhece direito. O economista Ricardo Schweitzer, que tem 15 anos de experiência no mercado financeiro, contou que as pessoas dão mais atenção ao poupar, mas ainda são displicentes na hora de investir. “O dinheiro não aceita desaforo, mas tem gente que opera na bolsa até com base na astrologia”, afirma.

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2) Finanças pessoais não é uma ciência exata, mas humana

Cuidar bem do dinheiro tem mais a ver com comportamento do que matemática, apontou Patrícia Lages, jornalista, especialista em finanças e autora de cinco livros sobre finanças pessoais.  Se você não mudar sua cabeça, o resto não muda. As pessoas não são disciplinadas, estão acostumadas a que algo ou alguém faça as coisas por elas”, diz.

O administrador de empresas com pós-graduação em Economia André Massaro concorda. “No mundo das finanças pessoais, o que menos tem é finanças”, justifica. Para o professor, 99% dos problemas financeiros das pessoas não se resolvem com dinheiro. “Quase a totalidade dos problemas financeiros está ligada a questões psicológicas, falhas lógicas de raciocínio, comportamento e até problemas morais.

3) Investir é uma jornada de longo prazo

Para Charles Mendlowicz, economista com  mais de 20 anos de experiência no mercado financeiro, as pessoas subestimam o poder de investir pouco por muito tempo. “Muita gente teria condições de investir R$ 100 todo mês e não investe, pois acha que não vai dar em nada”, diz. “Se você investir um pouco sempre, o montante vai crescer. Com o tempo, o resultado acelera e fica mais rápido multiplicar o dinheiro.”

Ricardo Brasil, publicitário e trader com 15 anos de experiência no mercado financeiro diz que todo mundo quer ficar rico do dia para a noite, mas isso não acontece. E para quem confia em qualquer “fórmula mágica” que oferecem no mercado, é preciso ainda mais cuidado. “Quem diz que só ganha na bolsa de valores é mentiroso”, alfineta. 

Caio Lewkowicz, portfolio manager e sócio da Tarpon Capital, gestora de fundos da Tarpon, aponta que é preciso ter em mente que, no curto prazo, o investidor pode eventualmente ter sorte, mas não dá para ter sorte sempre. 

4) Educação financeira é liberdade

O administrador de empresas, educador financeiro e autor de três livros Mauro Calil acredita que, no Brasil, falar de dinheiro é mais tabu do que falar de sexo ou drogas. “As pessoas acham que educação financeira é uma amarra, mas ela liberta. Viver de dividendos é ter a certeza de que todas as suas contas estão pagas.”

O educador financeiro afirma que não é difícil juntar um milhão de reais, mas as pessoas colocam “travas” na cabeça. Calil explica que, na educação financeira, riqueza é ter abundância daquilo que você dá valor e pobreza é a escassez disso. E, como as pessoas não sabem o que elas querem, acreditam que a felicidade está em coisas.

Odir Andrade Aguiar, conhecido no mercado como Didi Aguiar, criador do Didi Index, indicador de análise gráfica de médias móveis, retirado de um gráfico de barras, é engenheiro, administrador de empresas e trader há 41 anos. Para ele, ser rico não é o dinheiro que se acumula, mas o tempo que a pessoa tem para si própria.

“Você não precisa abaixar a cabeça para ninguém, dizer sim quando quer dizer não”, explica.  “Se você tem dinheiro, você vai fazer o que os outros querem? Por que? Você é louco?”, questiona. “Se você tem dinheiro é livre até para queimar ele todo e virar andarilho.”

5) Você vai errar

Daniel Mathias, Chief Investment Officer (CIO) da O3 Capital, gestora que tem como sócio  Abilio Diniz, acredita que as pessoas precisam saber que vão errar, mas que isso faz parte de processos inovadores. “Caso contrário, o erro vira um ponto cego no retrovisor”, diz. “O importante é cometer erros novos.” 

O educador financeiro com mais de 12 anos de experiência no mercado financeiro André Bona, ensina que, se a pessoa tiver um comportamento adequado, poderá até investir mal, mas vai conseguir o que precisa. O grande desafio é a escolha e ela tem a ver com alocação, planejamento, não tanto com o produto em si. “Você não precisa ser economista ou contador para tomar boas decisões financeiras. Sou a prova disso