Empreender tem tudo a ver com iniciativa, começar uma empresa do zero é um trabalho árduo. Por mais clichê que pareça, o principal é ter coragem para dar o primeiro passo e perseverança para seguir em frente. A jornada do empreendedor é um caminho com altos e baixos. Afinal, superar desafios está embutido no significado da palavra empreender.
Nessa empreitada, o caminho pode se tornar solitário. Então aqui estão algumas dicas para acompanhar você e ajudar nessa jornada.
1 – Encontre e siga o seu propósito
Nunca me esqueço da cena clássica de “Alice no País das Maravilhas”, quando Alice encontra o gato, e lhe pede ajuda: “Pode me ajudar? Para onde vai esta estrada? Estou perdida”. O personagem, sabiamente, lhe responde com uma pergunta: “Para onde quer ir?”. Ela, perdida, não sabe ao certo, então o gato conta a ela uma importante lição: “Para quem não sabe aonde vai, qualquer caminho serve”. O mesmo se aplica ao mundo empresarial. Se você não sabe o seu destino, é muito provável que se perca no caminho. Por isso, a primeira dica: encontre e siga o seu propósito, ele é o seu norte.
Na busca pelo seu objetivo, a grande dica é tentar responder três questões resumidas no Golden Circle de Simon Sinek. Vamos aplicar as perguntas de Sinek em um exemplo para reflexão. Vamos supor que quero abrir um negócio para fazer pizzas de baixa caloria.
– What (o quê?): pizzas saudáveis.
– How (como?): substituindo a massa tradicional por uma de cenoura, e utilizando recheios menos gordurosos.
– Why (por quê?): ajudar aqueles que querem manter a dieta nos tradicionais encontros de família ou de amigos.
Nessas três perguntas o propósito seria correspondente ao porquê (why). Ele funciona como uma estrela guia, permitindo que você se oriente ao longo da jornada. Imagine que eu quero aumentar meu portfólio de produtos ou serviços, para além das fronteiras da pizza. Me nortear pela razão por trás do meu negócio é fundamental para não me perder. Eu poderia vender petiscos ou bolos saudáveis e outros alimentos que estão presentes em encontros sociais regados a altas taxas calóricas.
2 – Defina bem seu público-alvo
Como já dizia minha mãe: “É impossível agradar a gregos e troianos”. Vejo muitas empresas cometerem esse erro. Na tentativa de agradar todo mundo, acabam não agradando ninguém. Por isso, é importante ter muito bem definido quem você quer como cliente.
Aqui a dica é realmente criar um personagem do seu cliente, o que chamamos de persona. A técnica de definição de público-alvo através da formulação de uma persona é uma arma poderosa. Existem ferramentas científicas para criação de personas, mas não se abale. Se você não conhece o conceito ou não cabe no seu planejamento contratar uma consultoria, faça um exercício básico: use sua imaginação.
Para criar uma persona, imagine uma única pessoa que você desejaria ter como cliente. Imagine cada detalhe: quantos anos essa pessoa tem? Qual é o sexo, isso faz alguma diferença para seu negócio? Ele ou ela têm filhos? É tímida ou falante? Têm poucos ou muitos amigos? Depois avance para perguntas mais específicas. Que lugares frequenta? Que tipo de música ouve? O que faz no tempo livre? Qual sua profissão?
Com esse exercício você vai chegar a sua persona, e tudo bem se você não conseguir responder a todas as perguntas. Talvez nem todas as perguntas sejam importantes para concluir os aspectos chave sobre o público que deseja atender. É possível, também, concluir que você deseja atender a mais de uma persona, talvez duas ou três. Mas evite passar disso. Isso vai complicar muito seu planejamento e provavelmente não trará resultado.
Claro que realizar o mapeamento de persona dessa forma não será tão assertivo quanto seguindo uma metodologia científica. Mas é um bom começo para orientar o seu negócio para as necessidades do seu público-alvo.
3 – Siga sua intuição, mas ouça seu cliente
Dizem que Henry Ford desaconselhava questionar o consumidor sobre seus anseios, uma vez que não seriam capazes de enxergar nada além de um cavalo mais rápido. Esta visão, muitas vezes, é utilizada para argumentar que os clientes não sabem o que querem, logo cabe ao empreendedor criar soluções inovadoras.
Mas eu vejo essa parábola de outra forma. Ela me diz claramente o que é importante para o cliente: a velocidade. Assim eu posso focar em criar uma solução que traga velocidade para ele, como o carro. O cliente pode não saber como solucionar um problema, isto cabe ao empreendedor, mas o seu cliente sabe onde o calo aperta.
4 – Planejar é importante, mas empresas são erguidas por ações, não por papéis
Planejamento é importante para evitar grandes erros, mas muitas coisas você descobre no caminho. Então não se preocupe se não souber tudo o que precisa para começar. Comesse. O mais provável é que as coisas não ocorram exatamente como previa. Você deve estar se perguntando: então por que planejar?
Principalmente para o amadurecimento de ideias e controle. Ao planejar você sabe bem o que pretende fazer. Ao fazer e ter que mudar, você sabe onde e o que deu errado para não repetir o erro, o que vai inevitavelmente levar a novos planos. E aqui está a grande sabedoria do bom empreendedor, agir com prudência, mas, principalmente, aprender com os erros e as pedras no caminho.
Muitos empreendedores tiveram que falir duas ou três vezes até conseguirem o tão sonhado sucesso. Então planeje, mas não deixe agir. A cautela é importante, entretanto, em excesso, gera estagnação.
5 – Preste atenção ao capital de giro
É comum novos empreendedores olharem somente para o investimento inicial, quando encontram uma oportunidade, negligenciando o capital necessário para a empresa operar até ser autossuficiente. Nesse sentido, não adianta vender, ter lucro, mas não conseguir pagar seus fornecedores a tempo, garantindo a continuação do negócio.
A quantia necessária para manter a empresa girando, recebe o nome de capital de giro. Vamos pensar em um exemplo simples para elucidar o conceito. Para esse exercício, o nosso jovem empreendedor se chamará Pedro, e o seu negócio será uma empresa de picolés. Para começar, Pedro avalia que precisa de um freezer e um carrinho com isolamento térmico para andar pelo bairro vendendo seus deliciosos picolés. Depois de pesquisar na internet, ele junta os recursos necessários para adquirir o freezer, o carrinho e vai à quitanda do Zé comprar as frutas com o restante do dinheiro. Pronto, Pedro se tornou o mais novo empresário do bairro.
Feliz da vida ele sai vendendo seus picolés e percebe que muitos clientes querem comprar caixas do seu produto, porém só podem pagá-lo depois de dois meses. Já entenderam o problema? Mesmo que Pedro venda todos seus picolés com lucros maravilhosos, ele não terá dinheiro para comprar mais frutas para os picolés. Sendo assim, ele não consegue ter mais estoque para anteder seus clientes, que, irritados, começam a comprar picolés da padaria e Pedro vai à falência, mesmo com um ótimo negócio em mãos.
A forma correta de calcular o capital de giro cabe em um artigo à parte e depende muito do mercado que a empresa atua, mas uma boa regra de bolso é pensar o quanto você precisa de capital para manter a empresa aberta por 6 meses. Note, essa regra de bolso não considera qual o investimento inicial necessário.
Voltando para o exemplo do nosso jovem empreendedor. Além dos recursos que ele utilizou para abrir o negócio, seria prudente ter o dinheiro para garantir as compras da quitanda, a conta de luz, da manutenção do carrinho e freezer por seis meses. Ainda que ele não utilize todo esse valor para manter seu negócio operando nos primeiros meses.
Uma sexta dica é obvia, esteja sempre aprendendo. Por isso lançamos esta coluna. Para que você tenha constantemente aprendizados para facilitar sua jornada empresarial. Esperamos que tenha gostado e até a próxima.