13/10/2020 - 0:00
Mesmo com campanhas espalhadas ao redor do mundo, o diabetes continua em alta. O último dado da Federação Internacional de Diabetes (IDF), de 2017, apontou que cerca de 425 milhões de pessoas possuem a doença e que ela deverá aumentar em 45% (!) até 2045, chegando a 629 milhões. Somente no Brasil, 8,7% da população adulta apresenta diabetes tipo 2.
E mulheres são as mais afetadas. De acordo com uma pesquisa da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), divulgada no ano passado, o sexo feminino registra mais diagnósticos da doença – o grupo passou de 6,3% para 9,9% de 2016 para 2017, contra índices de 4,6% e 7,8% entre os homens.
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O problema é que, por ser assintomática na maioria das vezes, ela permanece sem diagnóstico e tratamento por anos, favorecendo complicações no coração e no cérebro.
E mais: esses números não assombram apenas quem leva uma vida desregrada. “Mesmo se você se exercita com frequência e come bem, precisa se proteger contra fatores menos conhecidos que possam aumentar a suscetibilidade à doença”, diz Betul Hatipoglu, endocrinologista da Cleveland Clinic, nos Estados Unidos.
Mas fique calma! Com apenas estes ajustes no seu dia a dia já é possível diminuir as ameaças furtivas.
1. Risco: poucas horas de sono
Um estudo descobriu que pessoas que dormem por cinco ou menos horas por noite durante um único período de cinco noites já se tornaram 20% mais resistentes à insulina. Isso porque esse período pode aumentar os níveis do hormônio grelina, que estimula o apetite.
“Por conta disso, acabamos por desejar alimentos gordurosos ou ricos em carboidratos como resposta a uma necessidade celular de combustível. Níveis mais altos de grelina também levam a um aumento na corrente sanguínea do hormônio do estresse, o cortisol. E altos níveis de cortisol tornam o corpo menos tolerante à glicose, podendo influenciar negativamente os níveis de açúcar no sangue entre as refeições. Então quantidades inadequadas de insulina são liberadas para neutralizar os níveis de açúcar no sangue, o que pode desenvolver o diabetes tipo 2”, esclarece Claudia Pieper, do Rio de Janeiro, coordenadora do Departamento de Doenças Diabetes e Transtornos Alimentares da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD).
Solucione: A melhor jogada é o que os especialistas em sono têm evangelizado para sempre: sete a oito horas por noite. Se você seguir firme e forte nesse caminho, o seu organismo se recuperará rapidamente. A sensibilidade à insulina nos membros do estudo citado se normalizou após três noites consecutivas de sono profundo e contínuo.
2. Risco: tomando antibióticos
Cinco prescrições do remédio ao longo de um período de 13 anos não parecem excessivas, mas podem significar um aumento de 53% no risco de diabetes tipo 2, de acordo com uma pesquisa publicada no internacional Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism. Junto à luta contra a infecção, os antibióticos mexem com as bactérias do intestino, o que pode aumentar a sua resistência à insulina. “Quando você usa antibiótico, mata a flora boa e a povoa de bactérias ruins, que agridem o muco do intestino, causando uma inflamação na parede intestinal, o que pode levar a resistência à insulina, pré-diabetes e diabetes”, aponta a endocrinologista Maria Fernanda Barca, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
Solucione: O único jeito é tomar antibióticos? Então, o melhor é ingerir 2 xíc. de iogurte natural por dia . Isso ajuda a nivelar as bactérias do intestino. Na verdade, mesmo as pessoas que não tomam medicamentos podem reduzir suas chances de diabetes tipo 2 em 18% com uma dose diária do alimento.
3. Risco: potinho inofensivo
Se o seu alimento é armazenado em potes plásticos, fique atenta. Quando os recipientes ficam quentes, eles podem derramar produtos químicos como o BPA na comida. “Esses males podem levar seu corpo a pensar que está produzindo bastante insulina – quando, na verdade, seus níveis de glicose no sangue podem aumentar sem controle”, diz Andrea Gore, farmacologista da University of Texas (EUA).
Recentemente, um artigo publicado na Environmental Science e na Pollution Research International concluiu uma revisão sistemática de 13 artigos de pesquisas originais, relacionando a exposição ao BPA e o diabetes tipo 2.
Vários estudos demonstraram uma ligação significativa entre os dois. “O BPA age diretamente nas células pancreáticas, causando o comprometimento da secreção de insulina, por conta da morte das células que fabricam esse hormônio, e glucagon (presente nas células alfa). Provoca também resistência à ação da insulina nas células musculares, hepáticas (fígado) e adiposas (gordurosas)”, conta Claudia.
Solucione: Mesmo produtos de plástico livres de BPA ainda podem soltar outras substâncias nocivas (como BPS e BPF). Use um prato de vidro ou cerâmica para esquentar sua comida sempre.
4. Risco: ficar sentada por muito tempo
Você já ouviu falar que permanecer inativa por horas pode levar a doenças cardíacas e derrames, mas acontece que cada hora sucessiva que você gasta sentada, mesmo que seja uma fanática por academia, também aumenta suas chances de diabetes tipo 2 em 22%. “Quando seus músculos ficam parados por longos períodos, suas células têm mais dificuldade em absorver glicose, deixando-a aumentar no seu sangue”, diz Julianne van der Berg, pesquisadora na University of Maastricht (Holanda).
E tem mais: trabalhar pelo menos 45 horas por semana aumenta em 63% o risco de desenvolver a doença em mulheres. Foi o que apontou um estudo publicado no BMJ Diabetes Research & Care com mais de 7.000 trabalhadores. Por outro lado, para os homens que passam esse mesmo período no escritório, os riscos diminuem. Essa maior prevalência nas mulheres se dá pelo fato de elas acumularem muitas funções.
Solucione: Levante-se e se mova por cinco minutos a cada hora. Coloque o seu celular para apitar e lembrá-la de dar um passeio em torno da sua mesa ou invista em um alongamento, que também contribui para levar sangue aos músculos. E, claro, fique esperta com a quantidade de horas em que trabalha e divida as tarefas de casa.
5. Risco: passar pouco tempo fora
Você tem que pegar aquela vitamina D! Pesquisadores na Espanha descobriram uma ligação entre diabetes e deficiência da vitamina. “O nutriente parece desempenhar um papel na produção de insulina. Quando a vitamina D é baixa, a insulina pode não funcionar bem”, explica Betul.
Solucione: Seu corpo produz o nutriente quando você está exposta à luz do sol por cerca de 20 minutos diários. Para obter as doses da vitamina, mas evitar as repercussões (como o câncer de pele), divida esse tempo. Caminhe por cinco minutos até seu carro, ande por dez minutos durante o almoço – tudo isso conta. Também coma alimentos ricos em vitamina D, como salmão e cogumelos. O leite fortificado com o nutriente também pode ajudar. Ou pergunte ao seu médico sobre um suplemento.
Processo do diabetes
Compreender como o diabetes funciona pode ajudá-la a combatê-lo. Normalmente, seu pâncreas secreta um hormônio chamado insulina depois que você come. Ela é a responsável por quebrar os açúcares dos alimentos na corrente sanguínea para alimentar suas células.
O diabetes tipo 2 acontece quando o pâncreas para de produzir insulina suficiente ou o corpo fica resistente a ele. Isso faz com que esses açúcares, chamados glicose, se acumulem. Com o tempo, esse surto sobrecarrega os vasos sanguíneos e órgãos.