Cultura

Tom Cruise contra Hitler
Em Operação Valquíria, o ator interpreta o coronel alemão Claus von Stauffenberg, líder de uma conspiração militar para assassinar o ditador nazista

Natália Rangel
 

i83555.jpgA cada novo personagem que interpretou em quase três décadas de carreira, Tom Cruise só reforçou a sua imagem de galã e mocinho por excelência. Ele não se destacou como vilão nem quando investiu nisso, como fez ao encarnar o frio assassino Vincent, no filme Colateral (2004), uma de suas raras experiências no gênero. Em sua extensa lista de personagens heróicos, pode-se dizer que Tom Cruise defende agora, ao produzir e protagonizar Operação Valquíria, uma espécie de pós-doutorado na especialidade. Nesse drama histórico baseado em fatos reais, o ator interpreta Claus von Stauffenberg, jovem militar alemão que tentou deter a sangüinária trajetória do líder político e militar mais perverso que já existiu: Adolf Hitler. Trata-se do grande lançamento do Natal americano, previsto para chegar às telas brasileiras em fevereiro. Antes, este episódio pode ser conhecido em detalhes pelo livro homônimo, de Tobias Kniebe, com lançamento programado para as próximas semanas (leia quadro à pág. 89).

Valquíria (mulheres que acompanham os guerreiros mortos aos salões dos deuses, na mitologia nórdica) foi o nome dado à operação arquitetada por um grupo de oficiais que, contrariados com os métodos bárbaros do líder nazista, planejam assassiná-lo no dia 20 de julho de 1944, durante seu discurso. No atentado, Hitler teve apenas ferimentos leves. Ele já estava habituado a essas ameaças e numa delas afastou de si uma mala que se encontrava em cima de uma mesa. Ela continha uma bomba. Filmar a história desse oficial era um projeto do diretor americano Bryan Singer (X-Men e Superman, o retorno) que ele decidiu concretizar após ler o roteiro de Chistopher McQuarrie (seu parceiro em Os suspeitos).

i83557.jpgForam dois anos de filmagens, um investimento de US$ 90 milhões e muitos problemas institucionais e políticos com as autoridades militares e civis alemãs. As dificuldades começaram quando ficou definido que Tom Cruise – que guarda muitas semelhanças físicas com o personagem – seria o protagonista da história. A ligação do ator com a cientologia, compreendida como uma seita de "fundamentos duvidosos" por setores alemães, foi um dos entraves para que o Exército tivesse boa vontade em abrir às equipes de filmagem locações importantes para a reprodução fidedigna da história, como o Ministério da Defesa, onde ocorreu o atentado. Os desentendimentos foram contornados com muita diplomacia e custou caro aos produtores, já que a estréia do longa metragem acabou adiada quatro vezes seguidas e, ao final, contabilizou um atraso total de seis meses.

Essa não é a primeira vez que a biografia de Stauffenberg chega às telas. Em 2004, sua história foi filmada para a tevê e transmitida pelo canal a cabo History Channel. Mais jovem oficial a receber a patente de coronel, Stauffenberg perdeu a vista do olho esquerdo, a mão direita e dois dedos da mão esquerda ao comandar as tropas alemãs contra os aliados no norte da África em 1943. Anos depois ele seria o principal idealizador da resistência e um dos primeiros militares a enxergar as arbitrariedades de Hitler, a quem respeitara e apoiara no início de seu mandato.

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