Antigamente a expressão que definia os infiéis era “ele pula cerca”, algo muito popular quando se fala das conquistas sexuais de presidentes – no caso, da França, cenário de um livro que leva ao auge a também popular “fofocagem” em Paris, a “cidade luz”. Foi no escurinho dessa cidade iluminada que vários senhores presidentes cederam à infidelidade às suas primeiras-damas. Está tudo num livro, Sexus politicus, lançado na França, co-escrito por Christophe Dubois e Christophe Deloire.

Alguns casos são conhecidos, como o do presidente François Mitterrand (1981-1995),
mulherengo de alto nível, autoridade carismática. Quem não sabia de suas escapadas ficou sabendo em sua morte, em 1996. Duas mulheres discretas concentraram as atenções da imprensa mundial no enterro do estadista francês François Mitterrand. Uma delas era a primeira-dama Danielle Mitterrand, com quem o presidente foi casado por mais de 50 anos. A outra era Anne Pingeot, diretora do Museu d’Orsay, ex-amante de Mitterrand e mãe de sua filha Mazzarine. Uma cena civilizada marcou o enterro: lado a lado, Danielle, o filho, a amante Anne e a filha Mazzarine prestavam homenagens ao presidente socialista que governou a França por 14 anos, um tempo maior do que o do império de Napoleão Bonaparte.

Na França, a vida privada de políticos não costuma ser devassada – e a cena descrita acima é um exemplo disso. Pierre Tourlier, que durante 20 anos foi chofer do líder socialista, afirma que Mitterrand era um pai apaixonado pela filha Mazarine. Diz ele também que o presidente freqüentava a casa de uma “rainha do Oriente Médio”.

Não se pode dizer que Mitterrand foi o único presidente a se animar com esse tipo de aventura. Valéry Giscard d’Estaing (1974-81) igualmente não teve dificuldades para fazer malabarismos para conduzir o país, sua família e sua fogosa vida de amante. O que confirma a tese de que o assanhamento, no caso francês, independe de ideologia. O livro não alivia o atual presidente Jacques Chirac. É um casanova nota 10. Costuma desaparecer tarde da noite para viajar com sua amante. É uma infidelidade histórica a dos franceses. Já na época do rei Luís XV, lá por 1770, “o bem-amado” exibiu amantes oficialmente, uma delas, Mmes de Châteauroux, com quem esbanjou rios de dinheiro.

Além da indiferença dos franceses a esse tipo de aventura,
a França tem leis contra a difamação. É o “Vive la vie” em
sua plenitude.