Dada a mediocridade de crescimento econômico que o Brasil experimenta, era de esperar dos candidatos à Presidência mais do que simples bravatas. Fique desde já o eleitor avisado: planos ou aquele conjunto de idéias capazes de mudar o ritmo tartaruga do desenvolvimento nacional não há. E, se existem, estão aquém da missão que se apresenta. Tome-se, por exemplo, o que ocorre já neste ano, antes da troca de guarda, para ter a exata dimensão do problema. Como mostram os números, 2006 entrou para aquele rol de anos perdidos. Os institutos de pesquisa e o próprio governo revêem para trás os índices de crescimento previsto. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, ainda crê piamente que a taxa alcance 4%, mas a parede de dificuldades a ser escalada para alcançar tal meta é grande. O Brasil terá de cravar daqui para a frente índices de 1,5% a cada trimestre para chegar lá. Isso é o triplo do alcançado no trimestre passado, quando a evolução foi de mirrado 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB).

O fato é que no campo econômico os governantes, invariavelmente, têm mirado em objetivos sem definir meios para alcançá-los. Os programas partidários que estão à disposição de qualquer um para avaliar que perspectivas o País terá só reforçam essa impressão. Lá, os presidenciáveis falam na criação de milhões de empregos, em investimentos na produção e na desoneração da carga tributária. Esquecem de mostrar como. De onde vão tirar o dinheiro para tais investimentos, que impostos querem cortar ou qual a maneira de estimular a abertura de vagas. O discurso fica no vazio. E talvez a razão mais concreta para esse vendaval de promessas sem apoio na realidade prática seja o fato de que, de longa data, o Brasil atravessa a síndrome do cobertor curto – na qual um programa para receber dinheiro terá de tirar de outro. As verbas oficiais contingenciadas, os desvios freqüentes e a falta de planejamento de longo prazo são males que só serão banidos com a aprovação das reformas. Essas sim, urgentes, serão capazes de remover montanhas.