Na quarta-feira 6, no mesmo lugar onde Dom Pedro I declarou a independência do Brasil há 184 anos, uma cruzada por uma nova independência foi instituída. Dessa vez, pela via da educação. O gesto partiu de grandes empresários, atraiu o governo e pretende chegar à sociedade civil. Sob à liderança de Milu Villela, do Itaú Cultural, Viviane Senna, do Instituto Ayrton Senna, Márcio Cypriano, do Bradesco, Daniel Feffer, da Suzano, entre outros, dezenas de pessoas entoaram juntas uma mesma frase: “Todos pela Educação”. Trata-se do nome dado ao movimento. “A educação deve ser prioridade para que a gente consiga transformar esse País naquele que sonhamos”, diz Roberto Setubal, presidente do Itaú. Para Jorge Gerdau, presidente do grupo Gerdau, “o Brasil tem a estrutura necessária à educação, mas é preciso gerenciá-la melhor. E isso depende de mobilização.” O compromisso “Todos pela Educação” estabelece cinco metas objetivas para serem cumpridas até 2022 – ano do bicentenário da independência: toda criança e jovem de 4 a 17 anos estará na escola; toda criança de 8 anos saberá ler e escrever; todo aluno aprenderá o que é apropriado para sua série; todos os alunos vão concluir o Ensino Fundamental e o Médio; o investimento na educação básica será garantido e bem gerido.

A iniciativa contou com o apoio do Ministro da Educação, Fernando Haddad. “O Estado é o instrumento para a concretização dessas metas”, disse ele. Os gastos com educação devem alcançar 4,4% do PIB brasileiro nesse ano. A Unesco recomenda que países como o Brasil gastem 6% do PIB com educação. “Se a cada ano aumentarmos 0,2%, vamos atingir essa meta em 2011 e, depois, será preciso mantê-lo até 2022. É uma meta viável, traçada por especialistas”, disse Haddad.

Os desafios são muitos. “Todo brasileiro precisa entender que a educação é o meio pelo qual vai melhorar de vida”, alerta Denise Aguiar, da Fundação Bradesco. E não é só. “Precisamos manter durante 16 anos o entusiasmo que temos hoje”, diz Ana Maria Diniz. “Quero que a pessoa mais simples do Brasil saiba o que pedir da escola e do Estado em termos de educação para o seu filho”, completa. Os líderes do Compromisso ressaltam que um novo Brasil – mais justo, mais rico e mais democrático – só será possível se cada cidadão fizer a sua parte para tornar a educação uma prioridade. E, assim, ajudar a tirar milhões de brasileiros da escravidão da ignorância. “Não existe liberdade sem esclarecimento e a educação leva ao esclarecimento”, afirma Feffer. Portanto, mãos à obra.