Nascido em Yorkshire, o escultor inglês Henry Moore (1898-1986) interessou-se pela arte que o consagraria ainda criança assim que conheceu os trabalhos de Michelangelo. Participou da Primeira Guerra Mundial como combatente e, na virada da década de 1920, ingressou no Royal College of Art. Logo, o aluno passou das cópias de obras clássicas à produção de peças que traziam influências inusitadas, tanto da arte não européia, lembrando as cerâmicas mesopotâmicas e da América pré-colombiana, quanto da arte de vanguarda que fervilhava em seu continente. Tal capacidade de fundir influências diversas e torná-las atemporais fez dele o que se convencionou chamar de “o último dos clássicos e o primeiro dos modernos”.

Henry Moore – uma retrospectiva/Brasil 2005 (Pinacoteca do Estado de São Paulo, até 12 de junho) traz ao País a maior reunião de trabalhos do artista já realizada fora da Europa, com 117 esculturas, 72 desenhos e 50 gravuras produzidos entre 1920 e 1980. Além da grandiosidade da exibição, o evento marca os 60 anos do British Council no Brasil, um período de intenso intercâmbio, e o início das comemorações do centenário da própria Pinacoteca, que deverão se estender até setembro com exposições de Alexander Calder e Almeida Júnior, entre outras.

Um dos destaques da exposição do escultor inglês é a forma cronológica em que ela foi montada, fruto da intimidade que seus curadores, David Mitchinson, (head) da Henry Moore Collections and exhibitions, e Anita Feldman, curadora da Henry Moore Foundation, desfrutam com sua obra. A evolução de Moore é nítida. Das novas formas ele passou para a utilização de materiais inusitados, culminando com sua ligação com o surrealismo. A partir da Segunda Guerra Mundial, ele não apenas redescobre a figura humana como a incorpora à paisagem e vice-versa, fazendo do corpo o horizonte.

Embora seja conhecido pela monumentalidade de algumas de suas obras, Moore trabalhou sempre em maquetes que cabiam na palma da mão. Todas as suas
obras existem nessa escala. Várias delas foram refeitas no tamanho equivalente à escala humana, que chamava de working size. Somente poucas em relação ao total atingiram o tamanho monumental. Caso de Modelo para fio de faca – duas peças, exibida em tamanho pequeno na Pinacoteca e que serve como porta do
Parlamento Britânico. Moore amava a idéia de a escultura ser visitada pelas pessoas. Agora essa oportunidade é oferecida aos brasileiros através da exposição, que deve visitar o Paço Imperial carioca, de junho a setembro, e o CCBB de Brasília, de outubro a novembro.