"Sol, gente bonita e os melhores DJs do mundo. Quer coisa melhor?" O comentário da advogada paulista Giovana Vieira, 28 anos, define bem uma day-party, um conceito de festa eletrônica que desponta no Brasil. Eventos do gênero começam cedo, de manhã ainda, e podem durar 24 horas. É agito para o dia inteiro. E com um monte de gente ao redor. Recentemente, durante o Helvetia Music Festival, em Indaiatuba, no interior paulista, 27 mil pessoas se esbaldaram em um campo de pólo a partir das 10h da manhã. Em novembro, o clube noturno Pacha, de São Paulo, espera reunir sete mil pessoas em sua segunda day-party. “Chegamos cedo ao Helvetia para aproveitar o sol e não voltar tarde para casa”, conta a estudante Camila Melo, 24 anos. Para ela, a balada diurna é mais saudável que as rave, a festa eletrônica que varava a madrugada e se estendia além do amanhecer. “As raves ficaram perigosas por causa do uso de drogas. Aqui é mais sossegado e as pessoas se divertem do mesmo jeito”, completa Camila. Ela saiu de sua cidade com amigas para conferir o show do DJ holandês Tiësto, estrela do evento.

Nas day-parties, os festeiros têm lugar para dançar, comer e até descansar, se quiserem. Há tendas, praça de alimentação, banheiros e alguns confortos. Tudo montado para que as pessoas passem realmente o dia inteiro no local. Com uma grade tão longa, a lista de atrações também cresce. No Helvetia Music Festival, foram convocados 26 DJs nacionais e internacionais, caso do francês Jul Bricks, acostumado a se apresentar de dia. “É um playground para gente grande”, diz Felipe Berenguer, produtor de eventos da MKT PRO, empresa organizadora do festival, que planeja outras day-parties. Para ele, o sucesso das festas diurnas ocorre por uma mudança de comportamento do jovem. “Ninguém quer mais se arriscar a sair de madrugada”, explica. O empresário trouxe o conceito para o Brasil em 2003, depois de pesquisar festivais de música eletrônica no Exterior. Entre as referências estão a Dance Valley, na Holanda, a Ultra, uma das maiores dos Estados Unidos, e, como não poderia faltar, os clubes de Ibiza, na Espanha. É lá que boates como a Club Azuli e Pacha realizam suas concorridas festas à luz do sol. Rodrigo Ferrari, DJ da Pacha, explica que até no som as festas são diferentes das raves. A batida das músicas é mais leve.