A pesquisa de produção industrial regional, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na terça-feira 12, confirmou o que muitos analistas já davam como certo: a atividade na indústria está perdendo a força. Os números ainda não são alarmantes, mas sinalizam para um desaquecimento gradual. Em fevereiro, 11 das 14 regiões pesquisadas tiveram aumento na produção em relação ao mesmo mês do ano passado. Em janeiro, foram 13 regiões a apresentar expansão e com taxas maiores, o que indica uma desaceleração no motor industrial do País nos primeiros meses do ano. Quando a comparação é feita com o mês anterior, já com ajustamento sazonal, fevereiro aponta retração de 1,2% na produção da indústria brasileira.

Mesmo com os primeiros sinais de desaquecimento, os resultados dos Estados do Amazonas, leia-se Zona Franca de Manaus, que cresceu 21,8% em fevereiro em comparação com fevereiro do ano passado, e de Santa Catarina, com 9,9%, surpreenderam. No Amazonas, chamou a atenção a disparada na fabricação de produtos eletrônicos (46,5%), puxada principalmente pelo atual fenômeno de vendas: os telefones celulares. Segundo o economista da coordenação de indústria do IBGE, André Macedo, isso se deve muito ao acréscimo nas vendas para o mercado externo, mostrando que celular, hoje, se vende em qualquer lugar.

Já Espírito Santo (-0,1%), Rio Grande do Sul (-1,8%) e Rio de Janeiro (-3,4%) mostraram retração. Corroborando as previsões dos economistas que acreditam que 2005 não será tão bom quanto 2004, uma outra pesquisa do IBGE apontou um forte recuo no comércio varejista. Em fevereiro, o varejo aumentou suas vendas em 1,32%, bem abaixo do volume de vendas de janeiro, que cresceu em 6,24%, e da média anual de 9%. “Já é possível ver o efeito da elevação dos juros na indústria. São Paulo, o maior Estado da União, por exemplo, cresceu menos. E o que segurou esse crescimento foi o aumento das exportações”, afirma Júlio Gomes de Almeida, diretor-executivo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). Para ele, a taxa de juros nominal ideal ficaria entre 12% e 14%, bem distantes dos atuais 19,25%: “Nove entre dez economistas acham essa taxa um notório exagero. O governo já poderia estar testando um porcentual mais baixo.”