A metafísica do belo/ Galeria Nara Roesler, SP/ até 2/2/10

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Um homem nu, de braços cruzados, observa a escuridão. Ele está desarmado, mas ainda assim mantém-se compenetrado, absorvido pelo vazio. Essa é também a posição em que o espectador é colocado diante das obras da exposição “A Metafísica do Belo”. A fixa contemplação que o homem nu da pintura de Gil Vicente dedica à escuridão é a melhor tradução para o título da exposição, que parafraseia teoria do filósofo alemão Arthur Schopenhauer (1788-1860). Esse estado de atenção absorta diante de algo é o que o filósofo chamou de “intuição estética das coisas”, ou o “belo”. Esse é o efeito produzido pela arte e pela natureza – duas forças que, segundo Schopenhauer, deslumbram pela impossibilidade de serem inteiramente assimiladas pela razão.

A curadora Paula Braga elegeu o belo como tema para fazer frente a “uma época em que nosso relacionamento com a arte está prioritariamente cerebral”. Para isso, selecionou do acervo da galeria paulistana Nara Roesler obras de 12 artistas que pedem do espectador uma atenção contemplativa. É o caso flagrante do vídeo “Mareando”, de Kátia Maciel, que envolve o observador em um movimento de ondas cíclico e vertiginoso. Torpor e vertigem são também os efeitos do vídeo “Branco”, de Laura Vinci, em que a câmera se pronuncia sobre uma abissal queda d’água. Se o belo é veículo de superação das dores e das necessidades opressoras da vida cotidiana, encontramos na exposição movimentos de tensão e dissolução entre peso e leveza, caos e ordem, desejo e razão, real e imaginário.

Luz e Trevas

 
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