E AGORA TODA A TERRA É BARRO/ Centro Cultural Banco do Nordeste (CCBN), Fortaleza/ até 30/12

img1.jpg

A natureza em estado bruto, na forma de orvalho, neblina, areia, terra e poeira, constitui a fonte do trabalho plástico da artista carioca Brígida Baltar. Convidada pelo CCBN a realizar um projeto sobre a paisagem cearense, Brígida trabalhou durante 20 dias com as antigas olarias de tijolo da região de Juazeiro do Norte para dar origem a uma série de desenhos e instalações feitas com a terra local. “Fui surpreendida com a visão das olarias dentro da paisagem do sertão. Pareciam arquiteturas arcaicas, tribais”, conta ela.

A investida às olarias sertanejas dá continuidade ao trabalho iniciado com o pó de tijolo extraído da casa de sua infância no Rio de Janeiro. Nesse trabalho, realizado em 1996, Brígida usou os tijolos da casa como matéria-prima de desenhos e pinturas da paisagem carioca. Agora, uma mistura daquele pó caseiro com o pó do tijolo cearense deu origem a uma série de desenhos que representam as rendas e a flora nordestinas (foto). O primeiro desenho foi feito da árvore juazeiro; depois, a artista foi encontrando relações entre os nomes das plantas e das localidades por onde passava: Palmeirinha, Jarrinha, Embiraçu, Jurema Preta. Esse mapeamento de plantas e cidades realizado com a terra local rendeu a comparação, feita pelo curador Marcelo Campos, com os trabalhos de land art e earth art dos artistas americanos Robert Smithson e Walter de Maria.

Com o pó da estrada