"Paguei US$ 125 mil para fazer parte da história." A frase e o dinheiro são do empresário britânico Julian Hayward. A história a que ele se refere é o primeiro vôo comercial do Airbus 380, na quinta-feira 25, na rota que une Cingapura à cidade australiana de Sydney. O valor pago por Hayward lhe dá direito à ida e volta, champanhe e o prazer de viajar acomodado na primeira fileira. Apaixonado por aviões, o empresário sabe o que está fazendo: perto do A 380, todos os outros aviões parecem brinquedos. Ele pesa 560 mil quilos, tem 72,75 metros de comprimento e 24,08 metros de altura e atinge a velocidade de 970 quilômetros por hora. Desenvolvido pela britânica Airbus S.A.S sob encomenda da Singapore Airlines, o modelo 380 é o maior avião comercial de passageiros de todos os tempos, com capacidade para 845 pessoas.

Foram dez anos de desenvolvimento com investimento de US$ 24 bilhões. O recorde de passageiros, até agora, era do Boeing 747-8, que pode acomodar 450 passageiros. Detalhe: apesar de sua majestade, o A 380 é mais leve que os demais aviões, graças ao novo material que compõe a parte superior de sua fuselagem – uma mistura de alumínio e fibras de vidro impregnadas em resina (chamada glare) que é 10% mais leve e mais resistente que o alumínio tradicional.

Para receber esse “transatlântico dos ares”, os principais aeroportos do mundo tiveram de ser reformulados. Em Frankfurt, por exemplo, a alemã Lufthansa, que encomendou 15 modelos do A 380, investiu US$ 150 milhões na ampliação das pistas e na construção de um hangar de manutenção. Para o abastecimento do serviço de bordo foi desenvolvido um caminhão para erguer até 4,5 toneladas entre alimentos, bebidas e jornais. Já a Air France fez um novo terminal no aeroporto de Paris com capacidade para 8,5 milhões de passageiros, num investimento de US$ 800 milhões. Outros tantos milhões foram gastos na adaptação das pistas de Nova York, Cingapura, Dubai, Sydney e Londres.