Londres é dos ricos e das celebridades. São 54 milionários que habitam a cidade e gastam fortunas em mansões, carros, lojas de grifes e restaurantes. Lá, os amigos se encontram no pólo e no golfe. Usufruem de tudo que há do bom e do melhor e que a cosmopolita capital britânica oferece. As mansões de Kensington, por exemplo, eram alugadas ou compradas apenas por embaixadas ou instituições. Atualmente, milionários disputam as casas ao lado do Kensington Palace, antiga residência da princesa Diana. O bilionário indiano Lakshmi Mittal adquiriu a sua mansão de 12 suítes por US$ 128,3 milhões, um recorde que irá para o Guinness book. Mittal está no topo da lista de 2006 do jornal britânico Sunday Times como o homem mais rico do Reino Unido com 14,8 bilhões de libras, seguido do oligarca russo Roman Abrinovitch. A riqueza acumulada pelos mais ricos do Reino Unido é de 300 bilhões de libras (cerca de R$ 1,2 trilhão). São britânicos e estrangeiros favorecidos pelas oportunidades do governo trabalhista de Tony Blair.

O Partido Trabalhista assumiu com a promessa de taxar os ricos. Em 1994, o atual ministro das Finanças, Gordon Brown, provável substituto de Blair, anunciava que um dos primeiros passos seria a taxação das grandes fortunas. Mas o contrário aconteceu e as grandes riquezas não esperam abalos, incluindo as que vêm do exterior. Ou seja, imigrantes como Mittal preferem o sistema britânico aos discretos bancos suíços para depositar suas fortunas. “A princípio, vim para Londres por razões práticas. A cidade está perfeitamente situada, com facilidade de acesso e fuso horário favorável”, diz ele, dono da maior companhia siderúrgica do mundo. Na verdade, o indiano, assim como outros grandes empresários estrangeiros, notou que o mercado financeiro da City é muito mais receptivo que Wall Street e resolveu, então, aplicar seus ganhos nas estáveis Bolsas de Londres. Conseqüentemente, na última década, disparou o número de novos-ricos na Grã-Bretanha que triplicaram suas fortunas no mercado financeiro. Da lista de 54 milionários, 43 deles vivem de aplicações na City, não gerando nem criando novos empregos no Reino Unido.

Outros fatores atraem tantos estrangeiros com dinheiro para a terra da rainha Elizabeth II, que até há poucas décadas era considerada a mais rica do Reino. Nos últimos anos, Londres tornou-se ainda mais multicultural: são 400 etnias e 200 línguas faladas. Essa verdadeira torre de babel facilita o convívio de quem vem de fora. A aristocracia, conhecida por seus clubes fechados e pelo preconceito com os originários das ex-colônias, está cada vez mais aberta. A turnê de pólo Cartier em Windsor abre suas portas aos novos-ricos e o príncipe Charles costuma receber em suas tardes de gala os que estão dispostos a contribuir com suas entidades de caridade. Os árabes, depois dos atentados de 11 de setembro, acreditam que Londres é mais receptiva e menos preconceituosa que Nova York. Existe também o fator segurança. Apesar dos atentados dos extremistas islâmicos, os milionários russos preferem Londres a Moscou. Nela, Roman Abrinovitch passeia tranqüilo pelas ruas, enquanto em Moscou ele corre o risco de ser seqüestrado pela poderosa máfia local.

Outra razão é que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, faz dos milionários
russos seu alvo freqüente. O bilionário Leonard Blavatnik também preferiu comprar sua mansão em Kensington por cerca de 70 milhões de libras. “Os imóveis em Londres são os mais caros do mundo, mas isso não é problema para a nossa clientela”, diz Andrew Philipps, responsável pelos grandes negócios da imobiliária Hamptons International.