Os candidatos secretos estão em campo. São, na grande maioria, políticos que tomaram parte nos escândalos do mensalão e dos sanguessugas. Eles sabem que têm o repúdio popular, mas ainda assim querem voltar ao conforto de seus mandatos. Para fugir das vaias e, quem sabe, até dos tomates e ovos dos eleitores, traçam estratégias para tentar passar a campanha quase que incólumes. É o caso do presidente do PL, Valdemar da Costa Neto. Um dos 40 denunciados no esquema do mensalão, Costa Neto, que renunciou ao mandato, tenta voltar à Câmara Federal. Mas descobrir um compromisso dele é uma missão difícil. Costa Neto proibiu sua equipe de campanha de divulgar seus passos. Assessores próximos afirmam que a estratégia é antiga, adotada em outras eleições. Seus adversários, no entanto, explicam. Garantem que a ordem é evitar um indesejável encontro com a sua ex-mulher, a também candidata a deputada federal Maria Christina Mendes Caldeira (PV). A socialite estaria na cola do ex-deputado, disposta a infernizá-lo com denúncias e revelações, muitas delas de foro íntimo. O fato é que a campanha do presidente do PL não tem comícios, caminhadas e carreatas. O ex-presidente do PT José Genoino também tem optado pela discrição. Ele faz raras aparições em público. Para chegar ao seu eleitorado, tem participado de reuniões reservadas, muitas delas realizadas na casa de militantes e colaboradores. A internet é outra ferramenta usada por Genoino. Candidata à reeleição, a deputada Laura Carneiro (PFL-RJ) gasta mais tempo na defesa de sua suposta participação na Operação Sanguessuga do que na busca por votos. Assessores admitem que ela não tem ido às ruas com a mesma freqüência de outras disputas. Mas em certas ocasiões, o recolhimento talvez seja a melhor estratégia. Evitaria confusões, como as protagonizadas pelo deputado federal Romeu Queiroz, do PTB mineiro, outro fustigado pelo relatório da Procuradoria-Geral. Candidato à reeleição, Queiroz defende uma chapa que é um verdadeiro samba do crioulo doido eleitoral. Para presidente, ele apóia Lula. Para o governo do Estado, vai de Aécio Neves (PSDB). E para o Senado, fica com o peemedebista Newton Cardoso, que por sua vez está coligado com Lula. Dia desses, Queiroz subiu num palanque em que discursava Geraldo Alckmin. O tucano desferia duros golpes contra o governo e seus aliados mensaleiros. Era uma senha para Queiroz voltar ao anonimato.