Quando Beck Hansen surgiu em meados dos anos de 1990, com um videoclipe em que arrastava um caixão de defunto por uma corda enquanto cantava “Eu sou perdedor, baby, por que você não me mata logo?” (Loser, do álbum Mellow gold, 1994), foi logo incensado como ídolo da geração X, perdida no lixo cultural. Mas, de disco em disco, o californiano de Los Angeles, nascido em 1970, filho de David Campbell, autor dos arranjos de cordas de seus discos, e neto de Al Hansen, um dos fundadores do Grupo Fluxos e descobridor de Yoko Ono, provou ele mesmo ser um artista inovador. Depois de fazer shows com Caetano Veloso, gravar com o papa da guitarra noise Thurston Moore, do Sonic Youth, sempre imitando os passos de James Brown no palco, Beck apresenta Guero, gíria em castelhano para “garoto branco”, o primeiro disco após o melancólico e confessional Sea changes, de 2002. Guero é o Beck de sempre, lembrando Manu Chao na faixa-título, repetindo a gaitinha e o violãozinho com slide em Farewell ride e Girl, insistindo nos ruídos eletrônicos vintage dos co-produtores The Dust Brothers em Hell yes e Emercy exit e voltando à bossa nova gringa em Missing e Earthwake weather. Mas o Beck de sempre já é novidade por si só.