Acreditar em poesia não é tarefa fácil neste País. Alguns poucos ainda se lançam neste oceano como náufragos em busca de salvação. César Garcia Lima é um desses desvairados que ainda acreditam que vale a pena investir nesse gênero literário. O autor acaba de lançar Este livro não é um objeto (edição do autor, R$ 30), que reúne vinte poemas-postais que podem ser destacados e enviados tanto para afetos quanto desafetos. É só escolher.

César distribuía seus poemas-postais na Flip de 2005, quando alguém lhe deu a idéia: “por que não fazer um livro?” Não foi preciso pensar duas vezes. E os versos foram brotando. Em sua obra, ele se despe do idealismo que envolve os poetas e entrega “ Poemas publicados são angústia, filhos imperfeitos ao alcance dos erros”. Para ilustrar os postais, fotos de família, gravuras, fragmentos de imagens e colagens. E no meio de tudo encontra espaço para falar de (ou com) Deus, como em “Primeiro Mandamento” : “ (…) Acho que Deus é muito importante para me cumprimentar. Não tem nada não: eu falo dele para todo mundo.”

O jornalista, que abandonou a grande imprensa por se sentir “revoltado com homogeneização da mídia”, agora se dedica à vida acadêmica. Como poucos, sabe tratar as palavras com respeito. Em cada poema percebe-se o cuidado, a atenção dada a cada uma delas. Apesar de reclamar que a “poesia ainda precisa de explicação”, o poeta parece ter seguido cegamente a orientação do mestre Drummond. (…) “Penetra surdamente no reino das palavras. Lá estão os poemas que esperam ser escritos. Estão paralisados, mas não há desespero, há calma e frescura na superfície intacta. Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário” (…).
Quem ainda não teve o prazer de ser apresentado à obra do autor pode conhecê-la um pouco melhor no site www.cesargarcialima.com . E se o leitor ficar com aquele gostinho de quero mais é só esperar pouco, na gaveta já estão dois novos livros organizados, um de poemas e outro de prosa.


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