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O mundo parece estar dominado por Twitter, Orkut e outras redes digitais. Tanto que até as profissões ligadas à área de tecnologia estão sofrendo seus impactos e tendo que aprender, rápido, os hábitos e trejeitos que a nova cultura digital espalha por todos os setores. Saber lidar com eles e responder às demandas criadas pela cultura digital abre campos de trabalho na indústria de comunicação, de softwares e de hardware. E, para começar, é necessário entender o que o internauta (ou consumidor) quer. “Relacionamento e participação”, afirma Sergio Amadeu, referência nacional em cultura digital, professor da Faculdade Casper Líbero e organizador do Fórum da Cultura Digital Brasileira. Para ele, a produção simbólica das sociedades contemporâneas vai migrar cada vez mais para o meio digital, e será preciso se preparar. O campo será vasto nos próximos anos, segundo pesquisa lançada em novembro pela Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro (Softex). A indústria brasileira de Tecnologia da Informação (TI) deverá precisar de 140 mil profissionais em todos os setores e níveis, em 2013, aponta o estudo. A maioria desses novos cargos estaria fora das empresas de tecnologia, em setores que utilizarão a tecnologia em seus negócios. Considerando também empregos na área de tecnologia, o número sobe para 200 mil. E isso acontece já há alguns anos. Segundo dados levantados pela pesquisadora Denise Guichard Freire, do IBGE, na Relação de Informações Anuais (Rais) do Ministério do Trabalho, os empregos para profissionais de informática cresceram 104,2% entre 2003 e 2008. Profissões nascentes na área tecnológica são as ligadas ao uso de redes sociais e novas tecnologias.

O animador de redes sociais é quem sabe a hora certa de usar as ferramentas – blogs, vídeos, twittadas ou posts – nos Orkuts, Facebooks e Linkedins do ciberespaço

O profissional – que pode ser chamado de “animador de redes sociais”, “especialista em redes sociais”, “analista de redes sociais” e “analista de novas mídias” – é quem sabe a hora certa de usar blogs, vídeos, twittadas ou posts nos Orkuts, Facebooks e Linkedins do ciberespaço. “O profissional de redes sociais é responsável pela gestão da presença de empresas, produtos ou marcas na internet. Ele nutre as redes sociais com conteúdo sobre seu cliente, forja o relacionamento com os membros da comunidade, coleta dados (o que falam da marca, do produto, da empresa, dos serviços relacionados, dos concorrentes…) e utiliza-os para gerar informações úteis para a tomada de decisões estratégicas”, diz Nino Carvalho, especialista em marketing digital e consultor em estratégias sociais. Segundo ele, há mais de um tipo de profissional envolvido neste processo. “Alguém gerencia o conteúdo postado nas redes sociais, outra pessoa estuda os dados, outra cria e desenvolve a personalidade da empresa no ambiente social e um último fica responsável pela gestão estratégica integrada da presença online da organização”, explica. André Deak, jornalista responsável pela incorporação de uso de “mashups” (aplicativos com conteúdos de fontes externas, como mapas do Google), vídeos e funcionalidades e ferramentas digitais na Agência Brasil, acredita que toda atividade ligada à internet deverá se desenvolver. “O ‘The New York Times’ e o Yahoo, só para ficar em dois exemplos, buscaram profissionais para trabalhar diretamente na animação e moderação de redes sociais”, cita.

De maneira geral, os novos profissionais digitais devem ter noções de relacionamento com clientes, saber coletar e analisar dados, ter habilidades de comunicação, saber produzir e editar conteúdo e fazer pesquisas e análise de concorrência. Convém ainda ter noções mínimas de programação. “Os fóruns, às vezes, exigem uma customização que fica a cargo deste profissional”, explica Deak, que foi curador da área de comunicação do Fórum da Cultura Digital. A formação desses profissionais atualmente está mais nos cursos de pós- graduação e especializações. A pesquisa da Softex apontou que as ofertas de mestrado na área de tecnologia da informação cresceram 97,9% ao ano, entre 2001 e 2006. São especializações em marketing digital e novas mídias, além de cursos de extensão, que tentam formatar um novo perfil de profissional.