Uma nova série de estudos divulgados na última semana revelou que o Oriente pode fornecer mais tesouros ao Ocidente do que se pode imaginar. Pelo menos na área da nutrição. Os trabalhos apontam que diversos alimentos originários daquela região do planeta apresentam importantes benefícios para a saúde. Eles incluem desde proteção significativa contra as doenças cardiovasculares, exatamente as que mais matam no mundo, até a promessa de redução de peso. É como se houvesse nos países orientais uma espécie de celeiro com maravilhosas soluções para melhorar a qualidade de vida de todos.

O resultado mais expressivo foi obtido a respeito do chá verde. Originária da China, a bebida é maciçamente consumida na Ásia e aos poucos conquista os países ocidentais. O alimento já era objeto de investigação científica há algum tempo em virtude de seus potenciais benefícios, particularmente para o coração. Agora, um trabalho que acaba de ser publicado no jornal da Associação Médica Americana mostra de fato que o chá verde reduz o risco para doenças cardiovasculares (infarto e derrame cerebral). A pesquisa foi conduzida na Universidade Tohoku, no Japão, com 40,5 mil pessoas entre 40 e 80 anos. De acordo com o estudo, mulheres que tomavam mais de cinco xícaras por dia manifestaram 31% menos chance de morrerem vítimas dessas enfermidades do que as que ingeriam uma. Entre os homens, a diminuição de risco foi de 22%.

Em relação ao derrame, os achados foram ainda mais animadores. As consumidoras de mais de cinco doses por dia apresentaram 62% menos
chance de morrer por causa do problema, enquanto os homens tiveram 42%
menos risco do que aqueles que bebiam pouco. “O chá verde prolonga a vida ao proteger desses males”, afirma Shinichi Kuriyama, coordenador do trabalho. Os efeitos provavelmente se devem à presença abundante no chá verde dos polifenóis. Essas substâncias ajudam a evitar o envelhecimento precoce das células e danos a seu material genético.

Outra boa notícia veio da descoberta dos benefícios da tangerina, de origem asiática. Uma pesquisa da Universidade de Kioto, também no Japão, demonstrou que o suco da fruta pode reduzir a chance de desenvolvimento de câncer de fígado em pacientes com hepatite. Os pesquisadores chegaram a essa conclusão após a verificação de que nenhum caso da doença foi detectado entre 30 doentes que durante um ano tomaram um copo por dia de um preparado especial com o suco. Em compensação, entre os 45 que não receberam a bebida, o índice de tumor foi de 9%. Outro estudo, feito no Instituto Nacional de Ciência em Nutrição do Japão, demonstrou que a fruta possui mais poderes. Os cientistas analisaram amostras de sangue de mil consumidores do vegetal e identificaram a presença de várias substâncias associadas a baixo risco para problemas como depósito de gordura nas artérias e resistência à insulina, dificuldade relacionada à diabete. O objetivo agora é descobrir os responsáveis por esses resultados. Um deles pode ser a própria fibra do gomo. “Ela diminui a absorção do colesterol, por exemplo”, explica o médico Durval Ribas Filho, presidente da Associação Brasileira de Nutrologia.

Dois novos achados, porém, atiçaram ainda mais a curiosidade da comunidade científica sedenta de soluções contra a epidemia de obesidade que contamina o mundo. O primeiro dá conta de que um extrato obtido da noz coreana, aqui conhecida como pignoli, pode ajudar a emagrecer. A descoberta é resultado de um trabalho feito nos Estados Unidos revelando que o consumo do alimento eleva a quantidade no organismo de dois hormônios supressores de apetite. “Eles bloqueiam os receptores cerebrais que estimulam a comer. Portanto, quanto maior a concentração dessas substâncias, menos o indivíduo sente fome”, explica a pesquisadora Denise Bruner. A segunda novidade se trata da constatação de que uma alga marrom conhecida como wakame e bastante usada na Ásia para temperar sopas e saladas contém um ingrediente que faz perder peso. Responsável pela cor marrom, a substância reduziu em até 10% a quantidade de gordura em cobaias. “Ela atua por um novo mecanismo”, afirma Kazuo Miyashita, da Universidade de Hokaido, no Japão. Segundo o pesquisador, o composto aumenta a produção de uma proteína que queima gordura, a Ucp1. A contar por resultados como esses, vale a pena pensar em mudar de dieta.