A temperatura da Terra bateu um novo recorde ao atingir 15 graus Celsius, a média mais elevada dos últimos 12 mil anos. É o que revelou um estudo do Instituto Goddard de Ciências Espaciais da Nasa, nos EUA. Os dados mostram que o clima esquentou 0,6 grau Celsius nos últimos 30 anos. Nesse ritmo, estima-se que os termômetros mundiais irão sofrer um acréscimo médio de um grau em 2050. Há três milhões de anos, no período conhecido como Plioceno, o clima esquentou dois graus, fazendo as geleiras derreterem e elevando o nível do mar em 25 metros. Boa parte dos continentes submergiu. Os especialistas acreditam que esse fenômeno está prestes a se repetir devido ao aquecimento global. “A emissão de poluentes tóxicos na atmosfera é a grande responsável”, diz James Hansen, climatologista responsável pelo estudo.

A notícia caiu como bomba na Casa Branca, que, há duas semanas, tinha proibido a divulgação de um relatório da Administração Nacional de Atmosfera e Oceano (Noaa) que culpava o aquecimento global pela formação de furacões cada vez mais poderosos. O governo americano também tentou calar Hansen. Suas previsões comprometem a administração do presidente George W. Bush, que se nega a assinar o protocolo de Kyoto, o acordo que prevê a redução de emissões de gases para os níveis de 1990. Esses poluentes agridem a camada de ozônio que protege a Terra dos raios nocivos do Sol. Fotos de satélites comprovam os estragos. Sobre a Antártica, por exemplo, o buraco na camada de ozônio se espalha por 27,9 milhões de quilômetros quadrados. Ali, o Sol incide com toda a força e já provocou o derretimento de uma área equivalente a duas vezes a extensão territorial da Austrália. No Pólo Ártico, 8% das geleiras viraram água. Tanto degelo libera no ar bilhões de toneladas de gás metano, aprisionado nos blocos de gelo, que, soltos na atmosfera, destroem ainda mais a camada de ozônio. É por isso que o clima não pára de esquentar.