O aço inoxidável, historicamente usado em peças simples do dia-a-dia, começa a ganhar espaço nobre nas coleções de designers e decoradores no Brasil e no mundo. A última tendência, informam os profissionais, é transformar a aparente frieza desse material em objetos de decoração modernos. Nascida na Dinamarca, uma espécie de Meca do design, Louise Campbell apostou nas características do aço para criar a poltrona Veryround, um dos grandes destaques da última edição do Salão do Móvel de Milão. A peça, toda em inox, não tem pés nem juntas. Foi composta por 240 círculos que, organizados meticulosamente, remetem ao grafismo das rendas. Fabricada pela marca italiana Zanotta, a Veryround virou coqueluche entre os entusiasmados que não se importam em desembolsar 4,6 mil euros (cerca de
R$ 12,7 mil ) por um exemplar.

No Brasil, a artista plástica paulista Jacqueline Terpins transforma chapas de aço em uma linha de bules, bandejas, saladeiras e castiçais. São peças que esbanjam leveza e movimento. Acostumada à plasticidade do vidro, marca registrada de seus trabalhos, Jacqueline aceitou o desafio proposto por Rubens Simões, designer industrial da grife gaúcha Riva. A artista trabalhou com retalhos de aço para criar a linha Trama, na qual une formas contemporâneas com desenhos que fazem referência à prataria clássica portuguesa. “Os trabalhos tradicionais de prata criados em Portugal lembram verdadeiras rendas. São quase um bordado”, compara Jacqueline, que também fez versão em prata de todas as peças. Simões conta que é recente a idéia de ter o aço inox em lugar de destaque na decoração. “Há 20 anos, era inconcebível fazer peças para a casa desse material. O inox era restrito ao uso hospitalar. Os italianos reverteram essa história ao dar um polimento especial ao aço”, conta ele. E todos puderam brilhar.