Passou um tsunami no caso que envolve Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá – pai e madrasta da garotinha Isabella, assassinada em São Paulo no final de março, aos cinco anos de idade. Na semana passada, o médico legista George Sanguinetti (à dir.), a pedido dos advogados de defesa do casal, elaborou um parecer que, segundo ele, disseca e desmonta a perícia oficial. E a Justiça já trabalha com a perspectiva de anular o processo. Alexandre e Anna Carolina estão presos preventivamente, acusados de serem os assassinos.

A perícia oficial (IML) concluiu que Isabella foi esganada no apartamento antes de ser defenestrada. De acordo com Sanguinetti, não houve esganadura porque a garota não tinha marcas no pescoço. Nesse ponto, aliás, o próprio exame necroscópico oficial, apesar de apontar esganadura como uma das causas da morte, desmonta-se a si próprio. Diz ele: “Com relação ao osso hióide” (do pescoço) não foram “observadas fraturas”. Detalhe: não há possibilidade de esganadura sem fratura desse osso. A Justiça tende a reconhecer, assim, que cai por terra a acusação (e motivo de prisão) contra Anna Carolina, já que ela é denunciada por ter esganado – e o processo como um todo deve tornar-se nulo. Passou-se também a estranhar o fato de o IML ter fotografado Isabella na mesa de necropsia com a placa de identificação sobre o pescoço: se havia marcas a justificar a esganadura, essa região deveria estar à mostra na foto (porque é prova), e não escondida.

Só agora veio à luz um laudo complementar, também do IML. Diz que há lesões na região genital de Isabella. O estranho é que a mesma perícia informara inicialmente à polícia que a região genital não apresentava “particularidades”. Segundo esse laudo, Isabella foi ferida pela “ação vulnerante” de “agente contundente” que incidiu de “baixo para cima”. Mais: diz que tais ferimentos se devem a agentes contundentes de maior impacto do que seria uma queda no chão do apartamento, mas de menor impacto do que foi o despencar do sexto andar – frisa, no entanto, que são decorrentes de “queda sentada”. Assim, o laudo cogita que a menina tenha sido jogada contra o chão de sua residência. Para Sanguinetti, as lesões podem ter sido causadas pela queda do sexto andar. Aponta para isso a presença de grama no períneo de Isabella.