As colunas em losango do Palácio da Alvorada realçam o azul do lago Paranoá. O espelho d’água do Itamaraty reflete gigantescos arcos. E as curvas dramáticas da Catedral, em forma de mãos abertas, complementam a diversidade arquitetônica de Brasília. Há, contudo, um bairro inteiro na capital da República que oferece estilos e formas vindas dos quatro cantos do planeta: o setor de embaixadas. Por reconhecer essa singularidade, o arquiteto Paulo Roberto Alves avaliou as 51 embaixadas nessa área em estudo na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília (UnB). Além de analisar a presença da arquitetura mundial no Distrito Federal, a pesquisa mostra a influência brasileira nessas construções. “As embaixadas são projetadas muitas vezes por profissionais renomados e merecem um olhar mais acurado”, observa Alves.

Grande parte delas foi construída na década de 70. O engenheiro brasileiro Hugo Alves Correia, 85 anos, construiu quatro e afirma que havia uma tendência para que se colocasse a arquitetura típica desses países nas obras. “Cada um queria fazer uma construção melhor do que a outra”, conta. O edifício do México traz referências à antiga civilização olmeca com uma imensa escultura do período. A embaixada do Senegal explora cores fortes e vibrantes.

Já a sede da China repousa como um típico edifício da era Meiji: baixa e disposta horizontalmente. É também discreta e séria, como a nação asiática. O prédio da Alemanha, imponente e majestoso, é a única obra de Hans Scharoun fora de seu país e é tombada pelo Patrimônio Histórico alemão.

A embaixada da Rússia, quadrada, funcional, sem curvas, reflete todo o concretismo russo pós-guerra. O projeto foi uma planta do francês Le Corbusier, um dos mais renomados especialistas da história. Nomes de peso não faltam na lista de criadores. O mestre do concreto armado Pierri Luigi Nervi é o responsável pela embaixada da Itália. Em parceria com Oscar Niemeyer, Nervi projetou a sede da Organização das Nações Unidas, em Nova York. A embaixada da Espanha foi planejada pelo prestigiado arquiteto e matemático Rafael Leóz. Tem pátios abertos e fechados e suas cores são quentes, típicas. “Esses prédios exprimem o que há de melhor na arquitetura desses países”, diz o professor José Carlos Coutinho, da UnB.

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