Os primeiros disparos foram feitos pouco antes das 21 horas da quinta-feira 31 contra frequentadores de um bar no município de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Em apenas dez minutos, quatro homens com pistolas mataram nove pessoas, entre elas uma criança e dois adolescentes. Esses seriam apenas alguns mortos da maior chacina já registrada no Rio de Janeiro. Com a frieza de quem pratica tiro ao alvo num parque de diversões, os atiradores (a bordo de um Gol de cor prata) tombariam outros oito corpos enquanto se dirigiam ao município de Queimados. E, ao chegarem nele, mais 13 assassinatos aconteceram. Ao todo, 30 assassinatos. “Ninguém entendeu por que isso aconteceu, nenhum deles tinha envolvimento com o tráfico”, disse uma moradora que não quis se identificar. Para a Secretaria Estadual de Segurança Pública há policiais militares entre os assassinos e a chacina seria uma represália ao rigor com que o comandante do Batalhão da PM de Duque de Caxias vem punindo os maus policiais de sua tropa. A hipótese de represália faz sentido e o seu primeiro aviso macabro teria sido dado na terça-feira 29: duas pessoas foram mortas e degoladas nas proximidades do batalhão e uma cabeça foi jogada para dentro da unidade. Oito PMs acusados dos crimes foram presos. Assim, os assassinatos em Nova Iguaçu e em Queimados seriam afronta a quem tenta conter os soldados criminosos. A Secretaria de Segurança constatou que os projéteis usados na chacina são do mesmo calibre utilizado por policiais. “Além de tiros entre bandidos e da guerra do tráfico, estamos vendo a briga de polícia contra polícia”, lamentou o prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Faria (PT). “Não quero politizar num momento tão triste, mas acho que o secretário Itagiba deveria pedir auxílio a forças federais.” O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, garantiu que os responsáveis pela chacina serão punidos.