46,2% dos brasileiros estão muito insatisfeitos com arbitragem nacional, diz pesquisa

Levantamento da AtlasInter/GE.Globo aponta ainda que Ramon Abatti Abel é o árbitro com a imagem mais negativa do país, com 38% dos votos; Palmeiras é o clube mais favorecido para 72%

Arbitragem de Ramon Abatti Abel durante jogo do Palmeiras no Brasileirão 2023
Arbitragem de Ramon Abatti Abel durante jogo do Palmeiras no Brasileirão 2023 Foto: Cesar Greco/Palmeiras)

Um levantamento realizado pelo AtlasIntel, em parceria com o ge, expõe um cenário de profunda insatisfação e desconfiança dos torcedores brasileiros com a arbitragem no futebol nacional. A pesquisa, feita entre os dias 6 e 10 de outubro de 2025, ouviu 1.618 torcedores de todas as regiões do país e possui margem de erro de dois pontos percentuais. Os resultados indicam que a percepção de falta de critério e de um suposto favorecimento a clubes específicos são os principais problemas para o público.

  • Insatisfação generalizada: Mais de 72% dos torcedores se declaram insatisfeitos ou muito insatisfeitos com o nível da arbitragem no Brasil.
  • Principais queixas: A falta de critérios uniformes (50,9%) e o possível favorecimento a determinados clubes (50,3%) são os maiores problemas apontados.
  • Clubes favorecidos: Palmeiras (72%), Flamengo (70%) e Corinthians (60%) são os times que a maioria dos entrevistados acredita serem beneficiados pela arbitragem.
  • Caminhos para a melhora: A profissionalização total dos árbitros (58,1%) e a criação de um órgão independente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) (71%) são as soluções mais defendidas pelos torcedores.

Percepção negativa da arbitragem

A percepção negativa sobre a arbitragem brasileira é massiva. De acordo com o levantamento, 46,2% dos torcedores se dizem “muito insatisfeitos”, enquanto 25,9% se declaram “insatisfeitos”. Apenas 7,6% se mostraram “satisfeitos” e 1,7% “muito satisfeitos”. O sentimento é de piora: 52,8% dos entrevistados acreditam que a qualidade da arbitragem está decaindo em comparação com o ano anterior.

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Os motivos para tal descrédito são claros para o torcedor. No topo da lista de problemas estão a “falta de critérios iguais”, com decisões diferentes em lances parecidos, mencionada por 50,9% dos participantes, e o “possível favorecimento a alguns clubes”, apontado por 50,3%. A falta de preparo técnico dos árbitros também é uma queixa relevante, citada por 34,1% do público.

Essa percepção de favorecimento se concentra em três dos clubes de maior torcida do país. A pesquisa mostra que 72% dos torcedores acreditam que o Palmeiras é favorecido pela arbitragem. O Flamengo aparece logo em seguida, com 70% de menções, e o Corinthians é visto como beneficiado por 60% dos entrevistados.

46,2% dos brasileiros estão muito insatisfeitos com arbitragem nacional, diz pesquisa

A avaliação sobre a confiabilidade dos árbitros brasileiros atingiu um saldo negativo de 62 pontos percentuais, com 50% dos torcedores afirmando não confiar “nada” nos juízes e 22% confiando “pouco”.

A introdução do árbitro de vídeo, o VAR, não foi suficiente para restaurar a confiança. Embora a maioria (50,7%) considere que a ferramenta “melhorou um pouco” a qualidade das decisões, uma parcela expressiva de 12,1% acredita que ela “piorou muito” a arbitragem.

Diante do cenário negativo, os torcedores apontam caminhos para uma reestruturação. A principal medida defendida é a profissionalização total dos árbitros, com dedicação exclusiva à função, apoiada por 58,1% dos entrevistados. Outras soluções incluem a divulgação na íntegra das conversas do VAR (39,1%) e punições mais rigorosas para erros graves (37,6%).

A proposta de maior impacto, no entanto, é a mudança na gestão. Uma ampla maioria de 71% dos torcedores é a favor da criação de um órgão independente da CBF para cuidar da arbitragem, em um modelo semelhante ao que existe na Inglaterra com a Premier League. Para os que apoiam a ideia, os principais benefícios seriam o aumento da transparência nas decisões (65,3%) e a redução da influência política da confederação (60,3%). A pesquisa demonstra, portanto, um clamor do público por mudanças estruturais que devolvam a credibilidade à arbitragem do futebol brasileiro.