A Polícia de São Paulo fechou na quarta-feira 27 o inquérito que apura o assassinato do coronel da PM e deputado estadual Ubiratan Guimarães, ocorrido no dia 9 de setembro, um dos casos mais rumorosos dos últimos tempos – sobretudo por ser ele um parlamentar polêmico e ter comandado em 1992 o massacre de 111 presos no Carandiru. O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) concluiu que se trata de um crime passional e que a advogada Carla Cepollina, sua namorada, é a assassina. Assim, indiciou-a por homicídio. Carla tinha mesmo de ser investigada porque, ao que se sabe até agora, teria sido a última pessoa a estar com a vítima em seu apartamento. Mas embora encerrado no campo policial, há ainda lacunas que mostram que o crime continua sendo um caso sem fim. Carla nega que tinha alvejado Ubiratan com a bala de um revólver 38. A Polícia até o momento não encontrou a arma para periciá-la, mesmo após revirar, na noite da terça-feira 26, o apartamento da acusada. Apreendeu-lhe desde o computador até roupas íntimas, mas não achou a arma.

Uma lacuna importante é o fato de a Polícia não ter submetido Carla a exame de resíduo de pólvora em suas mãos – procedimento básico em caso de homicídio. “Eu não sei por que não o fizeram, implorei para que o realizassem”, disse Carla a ISTOÉ. “No inquérito está registrado o pedido”, diz a sua mãe, a também advogada Liliana Prinzivalli, que já atuou como assistente de acusação num processo contra policiais do DHPP (14ª Vara Criminal). Pesa contra a advogada, segundo a polícia, o depoimento de sua empregada, Cleonice Luz, que teria dito que lavou manchas de sangue na roupa de Carla. Só que isso não consta de seu depoimento e ela reiterou a ISTOÉ: “Em nenhum momento eu falei de mancha de sangue. Falei de mancha de molho de tomate, de maquiagem.” A Polícia incrimina a advogada porque estavam em sua posse recibos de compras de coisas que pertenciam a Ubiratan. Os recibos existem, mas é porque ela comprava com seus cartões de crédito (Visa e Amex) muitos produtos para ele. “Comprei até farda. A polícia não checa isso?”, disse Carla a ISTOÉ. Quanto a vestígios de chumbo em sua roupa, ela afirma que “não existem”, e na quinta-feira 28 alguns peritos do próprio Instituto de Criminalística estranhavam o fato de a Polícia tê-la indiciado sem os laudos estarem prontos.