Elas trocam o cabeleireiro pela oficina mecânica e dispensam a tarde no shopping para passear numa loja de acessórios automotivos. A paixão por carros, sempre vista como coisa de homem, conquistou a mulherada. Elas não só cuidam do veículo como se fosse um filho como também são adeptas do tuning, mania de modificar as características originais do carro para deixá-lo “envenenado”. No Brasil, esse mercado não pára de crescer. São cerca de 12 mil lojas especializadas, revistas, feiras e campeonatos. A lógica é simples: quanto mais diferente o carro fica do modelo original, melhor! E para “tunar” um automóvel é preciso desembolsar, no mínimo, R$ 5 mil. Mas elas não se importam. É uma espécie de síndrome de Penélope Charmosa. “Quando descobri o tuning fiquei encantada, mas no começo era maltratada nas lojas, me ignoravam porque pedia para ver uma direção e eles riam, dizendo que só conheciam volante”, lembra a paulista Sílvia Oliveira, 42 anos, uma das primeiras brasileiras a tunar um carro e conhecida como Sílvia Tuning Girl.

Casada e mãe de três filhos, ela não deixa ninguém dirigir seu Palio vermelho, cheio de detalhes pitorescos. A primeira alteração que Sílvia fez foi aumentar a potência do motor, que era 1.0. “Deixei 1.3. Não posso ter um carro de menina, porque não dá para subir ladeiras com três crianças atrás”, explica ela, que hoje vive em função do que antes era só um hobby. Vai a todos os eventos – pelo menos quatro por mês – e tem patrocínio de várias empresas só para exibir seu xodó por aí. “Quando estou na TPM, nem saio com ele. Os caras emparelham para olhar, pedem para ver por dentro. Se paro o carro para ir à farmácia, por exemplo, quando volto gasto uns 15 minutos em conversas com curiosos.”

A publicitária Mônica Moreno, 36 anos, também aderiu ao tuning. Não se incomoda e até gosta quando as pessoas pedem para ver de perto seu Celta, que tem revestimento de pelúcia vermelha no porta-malas, aparelho de DVD e até Playstation, para deleite de seus filhos – o mais velho tem 15 anos. “É como um vício: você começa a mexer e não pára mais”, diverte-se ela, que já gastou R$ 10 mil em um ano com acessórios de todos os tipos: som, tapete de alumínio, turbo virtual, volante… E não se arrepende por nenhum centavo investido.