Muitas descobertas sobre os mecanismos de ataque usados pelo HIV, o vírus da Aids, mudaram a estratégia de defesa contra esse inimigo. Na semana passada, duas novas informações publicadas na Nature, uma das mais prestigiadas revistas científicas do mundo, se juntaram aos achados que contribuem para abrir caminhos contra o agente, responsável por uma epidemia que atinge quase 40 milhões de pessoas no planeta.

A primeira foi obtida por cientistas da Universidade de Minnesota (EUA). Eles mostraram que o HIV não somente mata as células CD-4 (integrantes do sistema de defesa do organismo), mas também as induz à morte. O outro trabalho foi realizado por Mario Roederer, do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos EUA. O cientista descobriu que a ação do HIV é muito mais avassaladora do que se imaginava. Para chegar a essa conclusão, Roederer investigou o comportamento do SIV, vírus responsável pelo desencadeamento de uma espécie de versão da Aids em macacos e que por isso é utilizado como modelo de pesquisas sobre a enfermidade. O americano verificou que, além das células CD-4, outro alvo atacado é um subtipo de CD-4 chamado CD-4 T de memória. São as primeiras células a serem acionadas para combater as infecções.
Roederer constatou que elas são também as primeiras a sucumbir, e numa velocidade impressionante. Segundo a pesquisa, cerca de 80% dessas células são aniquiladas pelo SIV em duas semanas. Se a informação se confirmar com o HIV, como é o esperado, a ciência terá de correr atrás de uma forma de proteger essas estruturas. E rápido. “O estudo indica que teremos de iniciar o combate ao vírus o mais breve possível”, afirma o infectologista David Uip, da Faculdade de Medicina do ABC, em São Paulo.


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