Como toda tecnologia que é nova, o preço é caro e seu uso fica restrito a pequenos grupos de usuários. Como toda tecnologia que é boa, a tendência é o barateamento do custo e maior acesso a ela. Esse é o caso do Cryptofone, um aparelho celular que faz chamadas sem risco de ser clonado ou interceptado por escutas clandestinas e tem um invulnerável sistema contra o ataque de vírus quando é conectado à internet. Por enquanto custa R$ 14 mil e estima-se que não mais de 200 brasileiros (e 500 mil pessoas no mundo) estejam se valendo desse celular desenvolvido pela fabricante alemã GSMK. A empresa só vende o aparelho. Para adquirir a linha é preciso recorrer às operadoras que possuam chip compatível.

Banqueiros, políticos, grandes empresários e pesquisadores de laboratórios farmacêuticos são os principais usuários – e, como tudo na vida tem o seu lado passional, também andam recorrendo ao Cryptofone homens e mulheres que mantêm casos extraconjugais. “Essa clientela está crescendo demais nos últimos meses”, diz Mike Lu, diretor da Digital Technology Services, que representa a GSMK no Brasil. O que garante o sigilo é a criptografia, tecnologia que converte a voz em letras e números. Esses códigos só podem ser quebrados e transformados em voz novamente por outro aparelho similar que recebe a chamada: o som entre os equipamentos é nítido, mas um “araponga” só vai ouvir chiados. Justamente por isso, ao adquirir o Cryptofone, o cliente ganha dois celulares.

Há fabricantes de bebidas que muniram os seus técnicos com essa tecnologia. Montadoras automobilísticas e empresas que desenvolvem produtos de higiene pessoal também. Apelidados de “celulares blindados”, eles circulam entre os que ocupam postos de confiança nos setores de pesquisas. “Converso mais à vontade sobre os aspectos profissionais, menos receoso da espionagem industrial”, diz um desses pesquisadores (não autorizado a revelar o seu nome ou o do laboratório em que atua).