Depois da surpreendente revelação do escritor alemão Günter Grass ter se alistado voluntariamente nas tropas nazistas SS, agora é vez de outro ícone da literatura e da esquerda mundial cair em desgraça. O escritor americano Ernest Miller Hemingway contou em cartas ter matado 122 prisioneiros alemães na Segunda Guerra Mundial. Um deles, que tentou fugir em uma bicicleta, tinha a idade de seu filho Patrick, 17 anos. A correspondência de Hemingway está reunida em um livro do jornalista alemão Rainer Schmitz que está para ser lançado. Além das cartas enviadas em 27 de agosto de 1947 ao seu editor Charles Scribner, no livro constam ainda as destinadas ao professor universitário de literatura americana da Universidade de Cornell (NY) Arthur Mizener. Assim como o passado obscuro de Grass, jamais se imaginaria que Hemingway, também vencedor do Nobel de Literatura (1954), teria feito parte da OSS, serviço secreto que anos mais tarde se transformaria na CIA. E exatamente como um agente secreto, o autor de O velho e o mar teve a oportunidade de interrogar prisioneiros alemães. Mas ainda não se sabe até que ponto essas histórias são verdadeiras.

Foi em junho de 1944 que Hemingway entrou para o 22º regimento da 4ª Divisão de Infantaria americana e a partir desta data começou a descrever sua experiência na guerra. Alguns trechos das cartas do escritor americano chegam a ser chocantes. “Uma vez matei um alemão da SS particularmente descarado. Quando o adverti que o mataria, caso ele não abdicasse de seus planos de fuga, o sujeito me respondeu: você não me matará porque pertence a uma raça de bastardos degenerados. E, além disso, seria uma violação da Convenção de Genebra.”

Diante dessa afirmação, Hemingway teria respondido: “Você se engana, meu irmão”, e disparou sem culpa três vezes no estômago do alemão. Depois de o soldado ter caído, o escritor descreve que ainda atirou na cabeça, fazendo com
que o cérebro saísse pelo nariz e pela boca.

Sabe-se que Hemingway tinha um apreço por combates. Depois de não conseguir integrar as Forças Armadas dos EUA na Primeira Guerra Mundial, ele entrou para a Cruz Vermelha e partiu para o front na Itália, onde foi testemunha ocular da brutalidade da guerra. Além de grande caçador, o escritor era um grande colecionador de armas. Ironicamente, foi com sua espingarda favorita que ele
se matou em 2 de julho de 1961.