Prestes a deixar o comando do Supremo Tribunal Federal, o ministro Ricardo Lewandowski considera-se uma pessoa profissionalmente realizada. Brilhou no campo acadêmico, exerceu a advocacia com destaque e atuou como desembargador do TJ-SP, até ser indicado por Lula ao STF em 2006, presidir o TSE e ocupar a Presidência da mais alta corte do País. O magistrado, no entanto, ainda nutre um sonho: o de conduzir o julgamento o impeachment da presidente Dilma Rousseff no Senado. A possibilidade de isso não acontecer o afligiu nos últimos dias. Não por acaso, o ministro intensificou as conversas com o presidente do Senado, Renan Calheiros, a quem caberá definir o rito do derradeiro processo contra Dilma.

Lewandowski tem pressa. Em setembro, o Supremo muda de comando. Assume o posto, a ministra Cármen Lúcia. Na quarta-feira 11, Dilma tende a ser afastada. Começará, então, a fase final do impeachment, que terá de ocorrer em até 180 dias. Se os prazos fossem levados ao limite, a decisão sairia em novembro. Pesa a favor de Lewandowski a possível suspensão do recesso parlamentar de julho, o que daria celeridade ao caso. Mas o presidente do STF conta mesmo é com uma promessa de Renan. Ele já antecipou que trabalha para que a sessão final do impeachment ocorra até o final de agosto.

Conduzir o julgamento do impeachment vai levar o atual presidente do STF à condição de protagonista da história. Estará na foto de um dos momentos determinantes do País. O ex-presidente do Supremo Sydney Sanches vivenciou essa experiência em 1992, quando presidiu o Senado durante a cassação de Collor, por 73 votos a 8. A oposição vê com desconfiança a determinação de Lewandowski de conduzir o desenlace do processo de impeachment. Aponta-o como o integrante do STF mais afinado com o PT. Motivos não faltam.